Com um mercado já consolidado no País, o setor de biocombustíveis vem crescendo e aumentando sua necessidade por profissionais capacitados, desde os níveis técnicos até cargos de gestão. A capacidade de se adaptar ao uso da tecnologia adotada pelas empresas, assim como ter conhecimentos específicos sobre o setor, é fundamental para quem deseja ingressar na área. Há oportunidades com a expansão da produção do etanol de cana, combustível verde para aviação ou mesmo com hidrogênio verde.
Esse crescimento do mercado impulsionou o surgimento de novas profissões, como os engenheiros de bioprocessos, que, neste setor, cuidam do desenvolvimento e aprimoramento dos processos envolvidos na produção dos combustíveis. Eles podem ter como missão, por exemplo, analisar os biocompostos usados na cadeia de produção para diminuir os custos do combustível produzido ou realizar testes em laboratório com novos elementos para a criação de novos produtos.
Há também os especialistas em rastreabilidade e certificação, que certificam que a produção tem uma origem sustentável. No caso do etanol proveniente da cana-de-açúcar, eles podem se certificar de que a cana utilizada não vem de áreas desmatadas ou que não usa trabalho infantil na sua produção, por exemplo.
Este mercado vem sendo impulsionado pelos salários atraentes de profissões ligadas à energia verde, que, em geral, tendem a ser maiores do que a média do mercado, por conta da escassez de profissionais qualificados no setor. A situação varia, porém, de acordo como cargo e tempo de experiência do profissional.
Além disso, o setor tem se adaptado a uma nova realidade do mundo do trabalho, onde muitos profissionais têm optado por obter experiência num número cada vez maior de companhias, em vez de ter uma carreira de décadas numa mesma empresa.
“Temos que compor as equipes tanto com profissionais mais experientes, como com mais jovens.”, Marcelo Cordaro, diretor de operações da Acelen Renováveis.
"Hoje você encontra pessoas que querem trabalhar em mais projetos. Esse tipo de profissional a gente até prefere", afirma Marcelo Cordaro, diretor de operações da Acelen Renováveis, que tem como foco a produção de combustível verde para aviação.
O movimento, segundo ele, permite que as equipes tenham profissionais capazes de lidar com situações novas e que podem trazer experiências obtidas em indústrias e empresas completamente diferentes. "Temos que compor as equipes tanto com profissionais mais experientes, como com mais jovens", diz.
"Estamos trazendo para certas áreas cientistas de dados e analistas, que vão trabalhar num setor de planejamento com os agrônomos. Estamos trabalhando muito esse tipo de perfil e equipe multidisciplinar para resolver problemas", afirma Cordaro.
Setor aumenta demanda por engenheiros e técnicos
Além de novas profissões, o crescimento do mercado de biocombustíveis, também abre espaço para profissionais já estabelecidos, que encontram no setor aquecido novas oportunidades de trabalho.
“O panorama de expansão abrange uma ampla gama de profissionais em toda a cadeia produtiva.”, Carlos Alberto Griner, vice-presidente de gente da Raízen.
Essa expansão abarca uma gama variada de profissionais, especialmente aqueles com algum tipo de especialização relacionada ao setor, como engenheiros de energia, químicos e ambientais, além de técnicos especializados na produção de etanol e biogás.
Há também oportunidades para profissionais de tecnologia, como aqueles especializados na integração de sistemas e análise de dados, importantes para otimizar a produção e a distribuição dos biocombustíveis.
Algumas das profissões demandadas pelo setor:
? Engenheiro de bioprocessos;
? Especialista em rastreabilidade e certificação;
? Engenheiro de energia;
? Engenheiro químico;
? Engenheiro ambiental;
? Engenheiro de automação;
? Agrônomos;
? Técnico especializado em etanol;
? Técnico especializado em biogás.
"Há uma busca crescente por engenheiros especializados em biocombustíveis ou bioprocessos", afirma Griner. "Na esfera da produção e manutenção, precisa-se de profissionais como instrumentistas, mecânicos e técnicos especializados na produção de etanol de segunda geração e biogás", complementa.
Necessidade estimula criação de cursos
Para Emanuele Milani Groth, gerente de pessoas e cultura da Be8, especializada na produção de biodiesel, esse crescimento do setor impacta também a academia.
"A necessidade de pesquisar, desenvolver e produzir biocombustíveis acelera a demanda por profissionais qualificados em várias disciplinas, o que motiva a criação de cursos técnicos e superiores relacionados a biocombustíveis e energias renováveis", afirma.
Isso já pode ser visto em diferentes âmbitos, com a criação de cursos voltados ao setor, como especializações em engenharia de bioprocessos e cursos técnicos de biocombustíveis.
A Raízen, por exemplo, oferece o curso em etanol de segunda geração, em parceria com o Senai, para qualificar profissionais para trabalhar em suas operações.
Para Guilherme Odri, editor-chefe do LinkedIn Notícias no Brasil, essa busca por novos cursos e especializações é explicada pelo rápido crescimento de setores relacionados à economia verde no País
Segundo a consultoria Robert Half, por exemplo, profissionais ligados a "profissões verdes" têm salários que variam entre R$ 6 mil e R$ 30 mil mensais, de acordo com a indústria, cargo e nível de senioridade.
“A necessidade de contratação desses profissionais está surgindo antes do surgimento de cursos para o setor", afirma. Segundo ele, muitas posições estão sendo atualizadas para contemplar as atualizações da indústria. "São cargos que já existiam e que estão sendo aplicados a essas novas demandas.”, Guilherme Odri, editor-chefe do LinkedIn Notícias no Brasil.
As empresas consultadas pela reportagem não quiseram informar a média salarial paga a seus colaboradores.
Segundo o guia salarial da Robert Half de 2024, engenheiros de ESG, por exemplo, podem ter salários que variam de R$ 8,6 mil a R$ 19,3 mil mensais, dependendo do tamanho da empresa. Um engenheiro de projetos, pode receber de R$ 8,2 mil a R$ 17,7 mil mensais.
Fonte: Estadão
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