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18 mai 2021 - 17:21
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Empresas de energia precisam suspender projetos de óleo e gás para zerar emissões até 2050, diz agência internacional do setor

Ação radical teria de ser compensada por investimento imenso em energia limpa


As empresas de energia precisam parar todos os projetos novos de exploração de petróleo e gás natural a partir deste ano com o objetivo de conter o aquecimento global, afirmou a AIE (Agência Internacional de Energia).
A proposta é parte de um cenário delineado em um relatório sobre maneiras de chegar a um total líquido de zero emissões de dióxido de carbono em 2050, um pré-requisito para atingir a meta do acordo de Paris sobre o clima que limita o aquecimento global ao máximo de 1,5 grau acima da temperatura média do planeta antes da industrialização.
Além de cortar drasticamente o consumo de combustível fóssil, para atingir a meta também seria requerido um salto sem precedentes no uso de tecnologias que envolvem emissão baixa de poluentes —por volta de US$ 5 trilhões (R$ 26,3 trilhões) ao ano em investimentos em energia, em 2030, ante os cerca de US$ 2 trilhões (R$ 10,5 trilhões) atuais, o relatório apontou.
“Precisamos de uma alta histórica de investimento”, disse Fatih Birol, presidente da AIE, sediada em Paris, nesta terça-feira (18), acrescentando que isso adicionaria 0,4% anual ao crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) planetário.
“E o grosso desse investimento precisa ser dirigido à energia limpa”, afirmou.
O relatório “Net Zero” da AIE surge em um momento em que a instituição —criada em 1974 para fiscalizar a situação internacional de energia para os países ocidentais— vinha enfrentando pressões de ativistas do clima para que produza um plano sobre como atingir esse objetivo.
O estudo detalha uma reformulação geral da oferta e procura de energia, como parte da qual a demanda por carvão cairia em 90%, a demanda por gás natural cairia à metade e a demanda por petróleo encolheria em quase 75%, até 2050.
Dave Jones, analista da Ember, organização de pesquisa sobre o clima, disse que o apelo do relatório pelo fim da exploração de petróleo e gás natural era extremamente surpreendente, dado o histórico da AIE.
“Não acredito que qualquer pessoa esperasse isso da AIE. É uma completa inversão de posição, para eles”, disse Jones. “A organização sempre foi muito favorável ao combustível fóssil e, portanto, que tenha aparecido com algo assim é espantoso. É uma verdadeira facada na indústria do petróleo”.
A maior parte da economia mundial está sujeita a alguma forma de meta de redução de emissões de poluentes, o que envolveria eliminar virtualmente todas as emissões de dióxido de carbono e compensar as demais por meio de programas de remoção de carbono da atmosfera.
Embora o relatório não seja uma projeção ou uma recomendação, os cenários da AIE são considerados definitivos por muitos governos e muitas vezes servem como base para a formação de políticas de energia.
À medida que mais governos, entre os quais o do Reino Unido, os da União Europeia e o da China, assumem o compromisso de reduzir o total líquido de emissões a zero, o relatório da AIE demonstra o quanto será desafiador chegar a isso.
“É um percurso muito estreito”, disse Birol. “Mas podemos chegar lá”.
Muitas das grandes empresas e países produtores de petróleo, como os membros da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), argumentam há muito tempo que o investimento em projetos novos de produção de combustível fóssil precisa continuar a fim de atender às necessidades das economias emergentes da Ásia e África.
Mas o modelo da AIE para a redução de consumo de combustível fóssil é muito mais severo do que a maioria dos produtores está preparada para considerar. A parcela do combustível fóssil na oferta mundial de energia teria de cair dos cerca de 80% atuais para 20%, em 2050. A energia solar se tornaria a maior fonte individual de energia –respondendo por 20% da demanda mundial.
“Os países cujas economias dependem do petróleo e do gás natural enfrentarão imensos desafios”, disse Birol. “Nós estabelecemos mais de 400 marcos e um deles é que não existe necessidade de desenvolvimento de novos projetos de petróleo, gás natural e carvão, o que inclui necessidade zero de investimento na exploração de petróleo e gás natural”.
Ben van Beurden, presidente-executivo da Royal Dutch Shell, disse em assembleia anual de acionistas da companhia nesta terça-feira que o foco estaria no consumo e não na produção, a fim de reduzir emissões.
Ainda que a Shell já tenha descartado explorar petróleo e gás natural em novas áreas depois de 2025, van Beurden disse que “outra companhia pode surgir para desenvolver esses recursos”. Ele acrescentou que sua empresa continuaria a perfurar poços em áreas estabelecidas, como o Golfo do México, a fim de atender à demanda.
A AIE reconheceu que “o investimento continuado em fontes existentes de produção de petróleo é necessário”. E, mesmo com um declínio na demanda por petróleo, a parcela da produção de petróleo controlada pela Opep deve crescer, de cerca de 37% para 52% em 2050, de acordo com o relatório.
O estudo antecipa que a geração mundial de eletricidade não dependerá mais da emissão de poluentes, em 2040, e também uma disparada no investimento em novas tecnologias como baterias e eletrolisadores de hidrogênio, nos próximos 10 anos.
Joeri Rogelj, professor de mudança do clima no Imperial College de Londres, definiu o cenário da AIE para as emissões zero como profundamente significativo.
As melhoras de eficiência na produção de energia significam que a demanda mundial por energia em 2050 será cerca de 8% menor que a atual, embora a economia do planeta deva se tornar duas vezes maior. O uso de eletricidade crescerá, respondendo por cerca de metade do consumo total de energia em 2050.
“A AIE é usada como referência prática para boa parte do planejamento, tanto dos governos quanto das empresas”, disse Rogelj, que havia apelado à AIE pelo desenvolvimento de um cenário para emissões zero.
Cenários anteriores da AIE haviam sido pesadamente criticados por não incluírem proporção suficiente de energia renovável e por subestimarem o ritmo de crescimento da energia solar e eólica.
“Se você estudar os últimos 10 anos, os cenários da AIE sempre ficaram um pouco aquém do necessário”, disse Rogelj. “A AIE é simplesmente uma máquina lenta, cinzenta, enferrujada, empoeirada, e demora um pouco a funcionar... mas estou feliz por ver que a AIE agora definiu um percurso para o total líquido zero de emissões”.


Fonte: Folha de S.Paulo

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