A concentração atmosférica de gases causadores do efeito estufa e o nível dos oceanos bateram recorde em 2021, resultados que colocam o mundo na contramão dos objetivos do Acordo de Paris sobre o clima.
De acordo com relatório divulgado nesta quarta-feira (31) pela Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (Noaa, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, a concentração de dióxido de carbono (CO2), principal catalisador do aquecimento global, atingiu uma média de 414,7 partes por milhão (ppm) no ano passado, 2,3 ppm a mais que em 2020.
Esse é o maior valor já mensurado na era moderna e também o mais alto em pelo menos 1 milhão de anos, com base em registros paleoclimáticos. Já a concentração de metano em 2021 chegou ao recorde de 18 partes por bilhão (ppb), enquanto a de óxido nitroso atingiu 334,3 ppb.
A Noaa também apontou que, pelo 10º ano consecutivo, o nível dos oceanos bateu recorde, chegando a uma média 97 milímetros maior que a de 1993, quando começaram as medições.
"Os dados apresentados neste relatório são claros: continuamos a ver evidências científicas cada vez mais convincentes de que as mudanças climáticas têm impactos globais e não dão sinal de desaceleração", disse o administrador da agência, Rick Spinrad.
O documento se baseia nas contribuições de mais de 530 cientistas de aproximadamente 60 países e também mostrou que 2021 foi o sexto ano mais quente desde o início dos registros, em meados do século 19, com temperaturas de 0,21ºC a 0,28ºC acima da média entre 1991 e 2020.
"Os últimos sete anos foram os sete mais quentes já registrados", afirma a Noaa.
Recentemente, a Organização Meteorológica Mundial (OMM), agência climática subordinada às Nações Unidas (ONU), alertou que a probabilidade de a temperatura média global subir 1,5°C acima dos níveis pré-industriais em algum dos próximos cinco anos é de 50%.
Assinado em 2015, o Acordo de Paris estabelece como objetivo manter o aquecimento global neste século "bem abaixo" de 2°C, mas compromete as partes a realizar "esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5°C", meta reafirmada na COP26, em Glasgow, em novembro passado.
Fonte: ANSA/Época Negócios
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