A meta do setor aéreo de reduzir pela metade as emissões de CO2 até 2050, em relação ao volume registrado em 2005, exige novas tecnologias
Há algumas em estudo e que prometem reduções significativas, como as aplicadas em motores elétricos, híbridos e hidrogênio. A avaliação de especialistas, porém, é que boa parte delas vai demorar para surtir efeito e que o setor precisa se movimentar rápido com o que tem na mão hoje.
Para Landon Loomis, diretor-geral da Boeing Brasil e vice-presidente de políticas globais da Boeing Internacional, há muitas alternativas para se reduzir as emissões e a cadeia deve perseguir todas elas. Ele apontou como exemplo de projetos mais ambiciosos os que envolvem hidrogênio, mas seriam como uma janela em um futuro mais distante. Para se reduzir as emissões em um prazo mais curto, observou o executivo, os esforços devem ser direcionados para o desenvolvimento do combustível sustentável (SAF, de "sustainable aviation fuel"). O SAF tem potencial de reduzir em até 80% a emissão de gases poluentes com o tanque do avião cheio.
"A única tecnologia que pode fazer isso (reduzir emissões) nos próximos 10 anos é ela", disse Loomis, defendendo que o Brasil, como líder em aviação, energia e agricultura poderá ter papel importante nessa produção.
Foi em 2011 que um avião da Embraer voou pela primeira vez com parte do tanque abastecido de biocombustível, em um voo de teste com o produto fabricado nos Estados Unidos a partir de uma planta chamada camelina. O vice-presidente de engenharia, tecnologia e estratégia da Embraer, Luis Carlos Affonso, diz que há necessidade de se estabelecer uma cadeia de produção. "Hoje o volume ainda é muito baixo porque as exigências técnicas de produção e controle da qualidade se traduzem em necessidade de investimentos significativos", disse. Políticas públicas proporcionariam previsibilidade para investimentos.
Há diversas outras oportunidades no mercado e a Embraer tem apostado em algumas, como motores elétricos e híbridos. Desde 2004 a Embraer já opera o avião agrícola Ipanema com 100% de etanol. "Devemos voar neste ano um Ipanema elétrico para teste", disse Afonso. O projeto da Embraer é desenvolvido em parceria com EDP e WEG.
Junto da Força Aérea Brasileira (FAB), a empresa toca ainda o projeto Stout, um avião turbo-hélice para transporte leve com dois motores elétricos adicionais nas extremidades das asas. "Esse poderia ser o nosso primeiro produto híbrido-elétrico", disse. A Embraer estuda ainda um turbo-hélice voltado para a aviação comercial. Não há definição sobre qual será a tecnologia a ser usada e o grupo busca um parceiro para tocar o projeto.
Affonso disse que é possível ter oito motores em um avião com motor elétrico. "Não só a propulsão vai mudar, mas também o projeto básico do avião pode mudar", observa.
No horizonte de 15 a 20 anos há ainda espaço para o hidrogênio, que poderia ser aplicado em aviões de maior porte. Na visão do executivo, entretanto, a produção de hidrogênio ainda é bastante poluente hoje e teria de se transformar.
Fonte: Portal do Agronegócio
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