Fundada em 2015, a BSBIOS é hoje a maior produtora de biodiesel do mercado brasileiro. Com um quadro de 560 colaboradores e faturamento consolidado de R$ 8,8 bilhões em 2021, a empresa representa hoje um exemplo importante na criação e condução das ações de ESG. “A estratégia de ESG é um aprendizado constante. Quando o tema se tornou mais difundido, nós começamos a observar que muitas práticas que já fazíamos se conectavam ao conceito”, afirma Erasmo Carlos Battistella, presidente da BSBIOS, em entrevista exclusiva à NetZero.
Há dois anos, a empresa organizou e consolidou uma área focada nas estratégias de meio ambiente, social e governança. Com essa estruturação, o tema ganhou uma dimensão mais robusta em todos os setores da BSBIOS. Atualmente, a área de ESG responde à diretoria e está ligada diretamente ao comitê do conselho de pessoas, governança e sustentabilidade.
“Parece um assunto ‘simples’, pois quando se fala que é preciso cuidar da governança, do ambiente e do social, muitos acham que é fácil, comum. Mas quando você começa a estratificar, escrever efetivamente onde se quer chegar, vemos que não é simples. É preciso toda uma estrutura por trás e é necessário elaborar bem o programa para que ele não se desvirtue”.
O executivo completa com uma orientação precisa: “O programa de ESG precisa entregar o que está propondo e não significar um custo absurdo para a companhia. Então cuidar do equilíbrio é um grande desafio”.
ESG DENTRO E FORA DA EMPRESA
Ao olhar de forma consistente tudo o que está relacionado a cada letra da sigla, a BSBIOS conduz sua estratégia abarcando todos os stakeholders. Para fora, se empenha em questões como preservação da Amazônia, cumprimento da meta de carbono neutro no escopo 1 e 2 até 2030, na revisão constante da
materialidade e dos objetivos estratégicos da companhia.
Internamente, o foco está em uma comunicação efetiva para difundir a cultura ESG dentro da própria empresa – além da mão firme nas questões de governança, a letra da sigla menos celebrada no mercado.
“Nossa companhia, desde sua criação, sempre foi composta por conselho de administração, diretoria executiva e contou com auditoria externa. Sempre tivemos uma preocupação grande com a governança e estamos aprimorando isso ao longo dos últimos anos”, afirma o presidente da BSBIOS.
Battistella observa que o ESG é um tema transversal dentro da empresa e, por meio dele, é possível dialogar e sempre buscar novas oportunidades para pautas ligadas aos temas de governança, e também a questões ambientais e sociais.
“É preciso desmistificar um pouco que ESG é só custo, só trabalho ou apenas mais uma imposição do mercado. Acredito que nesse momento o ESG é um investimento que fazemos para que possamos efetivamente estar em um grupo de companhias preocupadas em gerar resultados, pois não somos uma filantropia. Contudo, não queremos alcançar estes números a qualquer custo: estes resultados devem ser conquistados respeitando as pessoas e meio ambiente. As pautas precisam ser levadas a sério. Não dá mais para falar e não praticar”.
Esta filosofia tem se mostrado eficaz na prática. Em 2021, a empresa se tornou um dos mais importantes players no mercado de energia renovável no Brasil. De acordo com seu último relatório de sustentabilidade, a BSBIOS teve uma produção de 895.463 m³ de biodiesel e um crescimento de 18,5%.
A companhia também aumentou sua capacidade de produção anual para 936 milhões de litros. Já o EBITDA (indicador financeiro usado para avaliar empresas na bolsa de valores) chegou aos R$ 316,3 milhões. O sucesso das estratégias ESG veio com também com mais duas certificações alcançadas: a ISO 14001 e ISO 45001. Ambas tratam dos processos internos da organização relacionados às questões ambientais, de segurança e de como a sua empresa escolhe usá-los.
O S do ESG
A BSBIOS aposta com força no S da sigla para conduzir as propostas de ESG. Seja no relacionamento com o entorno e com a agricultura familiar – principal responsável pelo fornecimento de sua matéria-prima – ou até mesmo na participação da comunidade local em ações internas que conversem com os pilares ESG.
Um exemplo recente e que pode inspirar outras empresas foi uma campanha de reutilização de uniformes velhos dos funcionários. Todos foram convidados a doar peças que não estavam mais em uso para transformá-las em ecobags sustentáveis produzidas por costureiras da comunidade ao redor das plantas, localizadas no Rio Grande do Sul.
“As pessoas da empresa – e na nossa não é diferente – precisam de esclarecimento. Um ponto muito importante é como fazemos para nos comunicar com elas. Mais que isso até: precisamos demonstrar que atitudes simples e cotidianas estão conectadas com essa pauta”.
COMO A ESTRATÉGIA AVANÇA
Mesmo com uma estratégia bem organizada na agenda ESG, a empresa está em constante desenvolvimento. De acordo com o presidente, para que o avanço da pauta aconteça de forma orgânica é preciso, principalmente, que as iniciativas e os compromissos sejam prioridade para a alta direção e para os acionistas.
Na área de governança, o investimento vem na implementação de novos comitês e avaliações detalhadas para a parte executiva. Já na agenda ambiental, o olhar está voltado para o uso alternativo de energias e um comprometimento maior na reutilização de resíduos. Por fim, no social, a BSBIOS tem a meta de desenvolver cada vez mais programas que possam integrar as comunidades onde atuam.
“Temos uma visão que nosso entorno é importante e precisamos estar conectados e ajudando a melhorá-lo. Se todas as companhias médias e grandes do Brasil fizessem ações para ajudar a melhorar de alguma forma o entorno, os progressos viriam mais rápido”, finaliza.
5 passos para compor uma estratégia ESG - Por Erasmo Carlos Battistella
- Antes de começar o programa, busque informações sobre como fazer, as vantagens e os desafios para que possa ter mais sucesso na implementação.
- Monte uma área com pessoas que tenham conhecimento e que possam efetivamente organizar e difundir o tema dentro da companhia, além de trabalhar de forma séria as pautas que forem elencadas.
- Se não houver o comprometimento da alta direção e dos acionistas para este tema, a empresa terá muita dificuldade em ter sucesso na implementação de uma área de ESG. Portanto, trabalhe o engajamento das lideranças.
- Difundir a cultura ESG dentro da companhia é imprescindível. Não adianta o CEO falar em ESG se as pessoas não saberem o que é ou não estarem comprometidas.
- Nunca perder de vista que, quando estiver começando o programa, será preciso enfrentar primeiro os desafios para depois os ganhos aparecerem.
Fonte: NetZero
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