O Brasil provavelmente verá uma diversificação de produtores de diesel verde – ou renovável – e combustíveis de aviação sustentáveis (SAF), como o bioquerosene, nos próximos anos. O diesel verde é um biocombustível produzido por meio de processos como o hidrotratamento de óleos e gorduras (HVO). O SAF é produzido a partir de matérias-primas sustentáveis e é muito semelhante em sua química ao tradicional combustível fóssil para aviação.
Além da petroleira federal Petrobras, empresas privadas como a Acelen, do grupo Mubadala – dona da refinaria Mataripe – junto com a Vibra Energia, a Brasil Biofuels e a Bunge têm planos de investimentos no Brasil envolvendo biocombustíveis. Um potencial desafio para o crescimento, no entanto, reside nos altos custos de construção das biorrefinarias, segundo especialistas locais.
Marcus D’Élia, sócio da consultoria Leggio Consultoria, diz que o diesel verde pode ajudar o Brasil a reduzir a dependência de importações, com o aumento da obrigatoriedade da mistura de biodiesel ao diesel de origem fóssil.
Mas mesmo que o país atinja a mistura de 20% de biodiesel (B20), não será suficiente para compensar o crescimento do consumo de combustíveis devido ao aumento do transporte de cargas e passageiros.
“A diferença entre oferta e demanda no caso do diesel em 2022 no país foi de 23,4%”, disse D’Élia ao BNamericas, com a demanda superando a oferta doméstica.
Os altos custos de produção também representam uma dificuldade para o bioquerosene de aviação.
D'Élia disse que a diferença entre demanda e oferta doméstica de querosene de aviação em 2022 foi de 18,5% do consumo, mesmo com a retração ocorrida no mercado após a pandemia.
“Não há previsão de um cenário em que ficaremos superavitários com o bioquerosene de aviação”, afirmou.
A associação dos produtores de biocombustíveis do Brasil, Aprobio, defende o desenvolvimento de novas opções tecnológicas, mas alerta que os investimentos necessários para construir uma biorrefinaria HVO/SAF são cinco a seis vezes maiores do que uma usina de biodiesel.
“Mas a indústria tem interesse em investir na produção de diesel verde e bioquerosene, porque o mundo vai precisar”, disse à BNamericas o diretor superintendente da Aprobio, Julio Cesar Minelli.
“A definição de marcos regulatórios para biocombustíveis no Brasil é fundamental para a previsibilidade e garantia de demanda que viabilize investimentos em biorrefinarias”, disse.
A ANP, órgão regulador de petróleo e gás, regulamentou o diesel verde por meio de resolução publicada em 2021.
A resolução considera diesel verde o combustível derivado de matéria-prima 100% renovável produzida de diversas fontes, inclusive HVO, desde que atenda às especificações físico-químicas estabelecidas nas normas.
“Portanto, de acordo com a regulamentação da ANP, não há proibições de produção, importação e comercialização de diesel verde no Brasil”, disse um porta-voz do órgão regulador à BNamericas.
Fonte: BN Americas
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