Artigo de Alejandro Bossio, diretor da divisão de Monômeros da BASF na América do Sul
O Brasil é uma potência verde. Temos uma capacidade enorme de crescer em bioenergia, que é a produção energética a partir de fontes biológicas, renováveis. O País está em segunda posição no mundo, com 89,2% de produção de energia renovável segundo dados de 2022 da consultora Enerdata. Enquanto o mundo luta para mitigar os efeitos das mudanças climáticas, a busca por fontes de energia mais limpas e sustentáveis se intensifica. Nesse cenário, os biocombustíveis surgem como um aliado poderoso, com destaque especial para o biodiesel.
Com menor emissão de gases poluentes e uma produção cada vez mais eficiente, esse biocombustível renovável e biodegradável tem o potencial de transformar a matriz energética e contribuir significativamente para a mitigação do aquecimento global. Segundo o GHG Protocol, a substituição do diesel fóssil pelo de fonte renovável pode trazer uma redução de aproximadamente 99% nas emissões de CO2. Alinhado ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 7, meta da Organização das Nações Unidas (ONU) referente à produção de energia limpa e acessível, no Brasil, a produção e uso de biodiesel tem crescido exponencialmente, colocando o país em uma posição de destaque como terceiro produtor mundial.
Com a retomada da progressão da proporção de mistura de biodiesel ao diesel de fonte fóssil determinada pela resolução do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), estamos presenciando o avanço no uso do biodiesel. Desde março de 2024, a proporção foi ajustada para 14%, o B14. O projeto de Lei "Combustível do Futuro" que está em tramitação no Senado prevê chegarmos ao B20 em 2030. Mas, com tantas qualidades de eficiência e sustentabilidade, não seria ótimo se os veículos pesados passassem a usar exclusivamente biodiesel, o B100? Pois isso já está sendo testado, com muito sucesso, pela Amaggi, maior empresa brasileira de grãos e fibras do Brasil.
A empresa contou essa história recentemente na Sustainable Week, realizada pelo onono, que promove a conexão com o ecossistema de inovação aberta na BASF. Ouvimos do diretor de Relações Institucionais da Amaggi, Ricardo Tomczyk, a construção de toda a jornada da companhia – desde a iniciativa de começar a produzir biodiesel em 2023, a partir do óleo de soja disponível de sua esmagadora, até o projeto de testar maquinários utilizando o combustível produzido em sua usina em Lucas do Rio Verde, no Mato Grosso.
Além de completar a integração de sua cadeia produtiva, a Amaggi consome 120 milhões de litros de óleo diesel por ano em sua operação e, seria perfeito poder fechar o ciclo abastecendo sua própria frota, conforme relatou o executivo. Com a autorização da Agência Nacional do Petróleo (ANP), começaram a testar a operação de alguns maquinários usando o limite de 10 mil litros mensais de biocombustível. Hoje, eles já estão com mais de 25 mil horas desses motores funcionando 100% com biodiesel sem nenhuma alteração nas máquinas. Ricardo explicou que o segredo desse sucesso são as boas práticas, com os cuidados com a estocagem, aditivação, uso de biocidas, por exemplo, exatamente como é preciso ser feito com o diesel comum.
Aos poucos, os fabricantes de maquinários e caminhões estão aderindo aos testes da empresa. Com a John Deere já completaram quase 20 mil horas de operação de máquinas com o biocombustível. Também já operam 101 veículos Scania Euro 6 e cinco caminhões da Volvo, compondo atualmente a maior frota rodoviária do agro abastecida exclusivamente com o combustível sustentável. Os testes B100 estão sendo estendidos às embarcações de sua frota fluvial. Outros fabricantes de Biodiesel no Brasil, como a Be8, Potencial, JBS e Binatural, por exemplo, também estão testando ou iniciando o uso de B100 em caminhões com bons resultados.
Recentemente também saiu a autorização para que a Petrobras comece a ofertar comercialmente misturas entre óleo diesel marítimo (bunker) com até 24% de biodiesel, com o objetivo de reduzir o nível de emissão dos gases do efeito estufa (GEEs) das embarcações e atender a meta de zerar as emissões líquidas do setor marítimo até 2050.
Como aliados estratégicos dessa importante indústria, celebramos o sucesso do biodiesel, que está alinhado à estratégia ESG e se apresenta como a melhor alternativa para reduzir emissões de carbono. Acompanhando o ritmo do mercado, expandimos a capacidade nominal de nossa fábrica de metilato de sódio no interior de São Paulo para 90 mil toneladas métricas. O insumo é um catalisador essencial para transformar o óleo em biocombustível com produtividade, redução de custos e alta qualidade.
O biodiesel contribui ainda com as outras letras do ESG, além da sustentabilidade ambiental, favorecendo avanços importantes no desenvolvimento econômico e social com grande capilaridade pelo Brasil. Há usinas em todas as regiões, gerando inclusão social, sendo fonte de trabalho para fornecedores, prestadores de serviços, agricultores familiares entre outros participantes dessa cadeia produtiva. Estamos otimistas com o crescimento do biocombustível com todo o seu potencial social, econômico, de segurança energética e climática. Vamos juntos criar um futuro sustentável para a mobilidade?
Fonte: TN Petróleo
Biocombustível de macaúba terá preço competitivo com do fóssil, diz diretor da Mubadala
Mercado de carbono é aprovado após acordos com agro, térmicas e distribuidoras
Na COP 29, Alckmin projeta Brasil como protagonista da nova economia global