Combustível. Há alguns anos, a gasolina seria a resposta automática quando se pensa no que faz um carro funcionar. Porém, agora temos um crescimento da popularidade do etanol, das baterias de hidrogênio e do tão comentado biodiesel. Mas você sabe como, além do meio ambiente, ele impacta a agricultura familiar?
Primeiro é preciso entender o que é o biodiesel, que pode ser confundido com o diesel. Este último, quando no contexto automotivo, contém cerca de 12% de biodiesel obrigatoriamente pela Resolução do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) — ainda deve aumentar gradualmente até 2026.
“O biodiesel possui características muitos similares ao diesel e, por isso, pode ser combinado sem prejuízo na combustão e adicionado na matriz energética brasileira. Ele reduz a necessidade da importação do diesel e pode substituí-lo no longo prazo, sendo a principal vantagem a questão ambiental“, diz o professor Fernando de Lima Caneppele da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP. O biodiesel é um substituto para o diesel comum que, embora contenha uma parcela sustentável, ou seja, não derivada do petróleo, ainda é prejudicial para o meio ambiente.
Agricultura familiar
As vantagens não param no âmbito ambiental e partem também para o socioeconômico. “Também existe um apelo social relacionado ao emprego e renda, sobretudo na agricultura familiar. Além disso, a produção do biodiesel pode se tornar vetor de desenvolvimento local devido à sua característica de poder ser obtido de diversas fontes vegetais — como óleos de mamona, do dendê, da soja, da bocaiuva e da gordura animal e de rejeitos como o óleo de cozinha usado“, pontua o professor.
Na agricultura familiar, o Programa Selo Biocombustível Social prevê que o produtor de biodiesel deve adquirir uma parcela da matéria-prima do agricultor familiar, além de assegurar capacitação, preços mínimos e assistência técnica ao pequeno produtor. “O biodiesel tem uma vantagem adicional, pois pode substituir os combustíveis tradicionais mantendo e até aumentando o emprego e distribuição da renda para incentivar a inserção do biodiesel na matriz energética“, complementa Caneppele.
Fonte: Fernando de Lima Caneppele - Jornal da USP
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