Em torno do biodiesel organizou-se uma poderosa cadeia produtiva composta por produtores rurais de muitas atividades, com grande ênfase para a soja como principal matéria-prima, embora outras sejam importantes, como o sebo bovino, a mamona, a palma (ou dendê).
Artigo de Roberto Rodrigues, Coordenador do Centro de Agronegócio da FGV
Em janeiro de 2005 foi promulgada a Lei 11.097/05 que introduziu o biodiesel na matriz energética brasileira. Desde então, este extraordinário biocombustível tem sido um fator muito importante para o desenvolvimento sustentável do agronegócio em nosso país.
Em torno do biodiesel organizou-se uma poderosa cadeia produtiva composta por produtores rurais de muitas atividades, com grande ênfase para a soja como principal matéria-prima, embora outras sejam importantes, como o sebo bovino, a mamona, a palma (ou dendê).
Indústrias de equipamentos e de insumos químicos, empresas extratoras de óleo vegetal, institutos de pesquisa e inovação tecnológica, extensionistas, fornecedores de materiais, comerciantes e até áreas governamentais se movimentam em torno desse item que hoje é misturado ao diesel na proporção de 10%. Esta cadeia produtiva já emprega mais de um milhão e meio de pessoas em 50 unidades industriais localizadas em 43 municípios de 14 estados! Já foram investidos 9 bilhões de reais nessa atividade fabril. A capacidade instalada cresceu 96% só de 2010 a 2020.
Além de representar uma excelente alternativa comercial aos produtores rurais, o biodiesel traz vantagens à cadeia produtiva de proteínas animais, visto representar um mercado importante ao óleo produzido quando a soja é processada para a produção do farelo, componente valioso na formulação de rações de qualidade para a produção de carnes, leite e ovos.
Além dessas características positivas para o agronegócio em si, o biodiesel tem um componente de caráter estratégico muito importante para o Brasil. O governo brasileiro assumiu junto aos países signatários do Acordo do Clima, um compromisso voluntário para reduzir em 43% as emissões de gases de efeito estufa até 2030, com base nas emissões de 2005, e o biodiesel terá papel central nele, visto que reduz em 80% as emissões do óleo diesel.
Há outros números expressivos: de 2008 a 2020, deixamos de importar 47 bilhões de litros de diesel fóssil, uma economia de mais de 30 bilhões de dólares. Só no ano passado, o Brasil importou 11,8 bilhões de litros de diesel no valor de 4 bilhões de dólares. Foram consumidos no país inteiro 57,5 bilhões de litros desse derivado do petróleo; no entanto, foram produzidos aqui 6,4 bilhões de litros de biodiesel, de modo que não foi preciso importar esse volume adicional: uma economia próxima de 2 bilhões de dólares em um único ano.
Com tudo isso, está de parabéns este importante segmento do nosso agronegócio. E de parabéns está também a APROBIO - Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil, que neste ano completa sua primeira década de bons serviços prestados ao nosso país.
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