O biodiesel B100 tem demonstrado ser uma das soluções mais viáveis para a descarbonização do transporte rodoviário no Brasil. Embora ainda não esteja disponível comercialmente, seu uso tem apresentado resultados cada vez mais atrativos, especialmente na redução das emissões de CO2.
Recentemente, a engenharia da Scania homologou um laudo apontando que o biodiesel B100 emite até 95% menos gases poluentes. E, além disso, o combustível mantém o torque, desempenho e funcionamento do caminhão igual em relação ao uso do diesel fóssil.
O veículo utilizado no teste foi um Scania R 500 fabricado em 2019, de propriedade do Grupo Potencial. Originalmente, o caminhão tem motor Euro 5, mas para a experiência foi preparado para rodar com biodiesel B100. A transformação ocorreu na concessionária Scania Cotrasa, em Curitiba/PR.
Caminhão rodou 50 mil quilômetros com B100
Após rodar seis meses e 50 mil quilômetros abastecido com biodiesel B100, e 47 toneladas de carga, o relatório apresentado pela Cotrasa apontou consumo 2,23% menor que o caminhão movido ao diesel fóssil.
Outros dados do relatório indicam uma emissão de gases poluentes 95% menor. Por outro lado, houve maior intervenção nas trocas de filtros de combustível. Nesse quesito, as substituições do elemento ocorreram a cada 15 mil quilômetros.
Carlos Eduardo Hammerschmidt, vice-presidente do Grupo Potencial, afirmou que a manutenção do veículo a cada 30 mil quilômetros foi mantida durante os testes.
Por fim, as mudanças envolveram custos pouco acima de R$ 20 mil e o Grupo Potencial anunciou que deve converter outros 24 caminhões para operar com B100.
O Grupo é constituído pelas empresas Potencial Petróleo, Potencial Biodiesel, BWI Trading, BWT Transporte e Jeta Combustíveis.
Uso de biodiesel B100 precisa de autorização da ANP
O uso do B100 precisa de autorização da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Por decisão do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), desde abril deste ano o percentual obrigatório de adição de biodiesel ao diesel é de 14%, com previsão de aumento para 15% em 2025.
No entanto, caminhões abastecidos com biodiesel B100 já rodam no País. A companhia de grãos Amaggi, por exemplo, recebeu em maio deste ano um lote de 101 caminhões Scania movidos a biodiesel B100. São 100 unidades do modelo 500 R 6×4 Super e uma do modelo 500 R 6×2 Super.
A Amaggi produz seu próprio biodiesel B100 em fábrica instalada em Lucas do Rio Verde/MT, a partir de óleo degomado de soja. A capacidade de produção da empresa é de 338 mil m³ de biodiesel por ano.
A descarbonização é um projeto dentro da estratégia de negócios e sustentabilidade da Amaggi. A empresa tem autorização para o uso experimental de biodiesel B100 desde 2013, destaca Claudinei Zenatti, diretor de Logística e Operações da Amaggi.
O executivo acrescenta que a entrega desses caminhões deu início à operação da frota rodoviária movida a B100.
Os caminhões da Amaggi movidos a B100 vão operar no trecho entre o Norte de Mato Grosso e o terminal de Miritituba, no Pará, transportando grãos. A base da frota rodoviária da empresa fica em Matupá/MT, onde os caminhões também são abastecidos com o B100.
Caminhões movidos a biodiesel B100 sob consulta
A Volvo também já oferece caminhões movidos a biodiesel B100. Entretanto, a comercialização está condicionada a uma análise prévia de seu departamento de engenharia. A empresa desenvolveu um motor exclusivo baseado nos atuais Euro 6 da marca, permitindo ao transportador optar por diferentes proporções de biodiesel, desde o atual diesel B14 até o diesel puro B100.
Embora o volume de clientes ainda seja pequeno, a Volvo reafirma sua visão de contribuir para a descarbonização do transporte rodoviário. A opção do B100 está disponível apenas para os modelos Volvo da linha FH, que também podem ser abastecidos com o B14.
De acordo com o GHG Protocol (protocolo que fornece padrões e orientações sobre gases de efeito estufa), a troca do diesel pelo biodiesel deve reduzir em aproximadamente 99%as emissões de CO2. E finalmente, o biodiesel B100 ainda é restrito aos veículos fabricados para essa especificação.
Fonte: Transporte Mundial
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