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13 set 2024 - 10:34
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Biodiesel a bordo: biocombustível deve ganhar espaço na descarbonização de navios

Adicionado ao diesel que abastece o frete rodoviário brasileiro, o biodiesel deve ganhar espaço no transporte aquaviário ainda nesta década, podendo representar cerca de 16% da demanda energética do modal até 2034, projeta a Empresa de Pesquisa Energética (EPE).


Publicado na última semana, o caderno de Transportes do Plano Decenal de Energia (PDE 2034) estima que navegação de longo curso, cabotagem e interior devem crescer em média 3,2% ao ano (2024-2034), favorecidas principalmente, pelo aumento do escoamento de produtos agrícolas, petróleo e minério de ferro. 


Neste cenário, a demanda energética está prevista para expandir cerca de 2,9% ao ano, em meio ao desafio de reduzir emissões de gases de efeito estufa pela queima de combustíveis.


“O atendimento às regulamentações da IMO (Organização Marítima Internacional) para a descarbonização do setor marítimo implicará na adoção de combustíveis de baixo carbono no abastecimento das embarcações. A demanda de bunker será complementada com misturas de biodiesel (BX), que contribuirão para redução das emissões”, explica a EPE.


O estudo lista metanol, amônia, hidrogênio, diesel verde, eletrificação e GNL entre as alternativas que também começarão a fazer parte dessa matriz, ainda que de forma marginal: o metanol é projetado para responder por 2% do consumo e a amônia 1%.


Assim como medidas de eficiência energética, a exemplo da recuperação de calor residual, e novas tecnologias, como motores que funcionam com mais de um combustível, captura e armazenamento de carbono (CCS), célula a combustível e pequenos reatores (SMR).


De olho no biobunker


No Brasil, pelo menos três empresas já se movimentam para oferecer ao mercado o biocombustível derivado de óleo de soja (e outras gorduras) ao transporte aquaviário.


No final de julho, a Petrobras anunciou a venda das primeiras cargas de combustível marítimo com mistura de 24% de biodiesel. O bunker foi batizado de VLS (sigla em inglês para muito baixo enxofre, já que o biodiesel é isento) B24.


Disponível sob demanda, o VLS B24 resulta da mistura de bunker de origem mineral com biodiesel de segunda geração, ou seja, produzido a partir de resíduos agroindustriais, segundo a Petrobras.


Recentemente, a produtora de bioenergia Raízen também entrou com um pedido na ANP para comercializar diesel marítimo com adição de até 24% de biodiesel, antecipou o eixos PRO (serviço de assinatura exclusivo para empresas).


A dinamarquesa Bunker One é outra empresa a navegar nessa direção.


Em maio, a comercializadora de bunker recebeu a certificação internacional ISCC (International Sustainability & Carbon Certification) em duas categorias, abrindo caminhos para a comercialização de biocombustíveis produzidos no Brasil para abastecer navios que fazem o frete internacional.


Agora, a busca é por parcerias com produtores brasileiros para garantir acesso contínuo ao combustível certificado. A empresa integra o grupo dinamarquês Bunker Holding, que já atua no fornecimento de biobunker em mais de 80 portos pelo mundo.


Para a Bunker One, a mistura de até 7% de biodiesel ao diesel marítimo (B7) é um dos caminhos a ser percorrido na trajetória de descarbonização da frota de navios. A ideia é que 100% do seu bunker seja B7.


Navios de baixo carbono


No final de setembro, a Organização Marítima Internacional se reúne para definir regulações que possam acelerar a descarbonização do frete marítimo internacional com combustíveis sustentáveis.


No horizonte está um imposto sobre emissões e a composição de um fundo destinado a equiparar os custos de novas alternativas de abastecimento.


Responsável por 3% das emissões globais de gases de efeito estufa, o setor tem apostado em derivados de hidrogênio de baixo carbono como amônia e metanol para substituir o consumo de fósseis.


Levantamento da Citi aponta que, hoje, pelo menos 44 corredores verdes já foram iniciados no mundo. Essas iniciativas buscam incentivar as empresas a criar joint ventures e colaborar juntas, ao mesmo tempo em que chama o setor público a dar suporte a novas infraestruturas.


Esses corredores já somam 171 partes interessadas, incluindo indústrias, governos, portos e agências reguladoras. As fontes de energia são diversas: metanol, amônia, eletricidade e biocombustíveis de segunda geração.


Ainda de acordo com o mapeamento, as encomendas de navios de baixo carbono estão aumentando. Até agora, são 229 pedidos de embarcações a metanol, 346 a bateria/híbridos, 11 movidos a amônia, 7 nuclear, 22 a hidrogênio e 19 a biocombustíveis.


 


Fonte: Eixos

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