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09 ago 2021 - 09:00
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Aquecimento global pode chegar a 1,5 grau Celsius na próxima década, levando planeta a limiar da catástrofe, indica novo relatório climático

Painel Intergovernamental sobre Mudança Climáticas (IPCC) aponta intensificação de eventos extremos, como ondas de calor, inundações em cidades costeiras e secas no Centro-Norte do Brasil


Ondas de calor castigam EUA e Canadá, enchentes assolam países europeus e a China, gelo marinho derrete na Groenlândia em velocidade recorde. Os eventos extremos que sacolejaram o planeta semanas atrás serão cada vez mais comuns e intensos, segundo um relatório lançado nesta segunda-feira pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que prevê que o aumento da temperatura global pode chegar ao patamar de 1,5 grau Celsius já na próxima década. Cientistas reivindicam que esta marca não seja ultrapassada até o final do século, diante de riscos como a falência de ecossistemas e o prejuízo à saúde da Humanidade.


Inundações:  Metrôs do mundo se convertem em zonas de alagamento devido à crise climática


O documento foi divulgado após uma série de reuniões virtuais que ocorreram nas últimas duas semanas entre representantes de governos de 195 países, que se debruçaram sobre o estudo de especialistas e acadêmicos de um dos três grupos de trabalho do IPCC, dedicado às bases científicas da mudança do clima. O levantamento das outras duas equipes será conhecido apenas no ano que vem.


O conjunto forma o sexto relatório de avaliação do IPCC, que atualiza os números da edição anterior, de 2013. Pela primeira vez, o levantamento trouxe análises sobre como os extremos climáticos devem atingir cada região. No Brasil, as regiões Sudeste e Sul devem sofrer cada vez mais precipitações intensas, enquanto boa parte do Norte, Nordeste e Centro-Oeste estarão sujeitos à seca, que comprometerá a atividade agropecuária.


Outras inovações são as descrições mais detalhadas sobre o possível futuro do planeta, a depender de fatores como a exploração de recursos naturais e as iniciativas tomadas por cada país para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Os dados calibrados também permitiram antecipar a previsão de quando o mundo chegará à marca de 1,5 grau Celsius de aumento dos termômetros, comparada à temperatura vista antes da Revolução Industrial.


Cinco futuros possíveis
Desde 1850, a temperatura do planeta foi elevada em 1 grau Celsius, e ganhará mais meio grau até o final da década de 2030, segundo os cinco cenários traçados pelo IPCC.


A fórmula para conter o aquecimento global a 1,5 grau Celsius, retratada no cenário mais otimista, exige reduzir pela metade a liberação de poluentes à atmosfera até 2030, zerando as emissões 20 anos depois. Os países também devem se comprometer com metas mais ambiciosas no Acordo de Paris — as atuais dificilmente impedirão que a temperatura global suba, no mínimo, 2,9 graus Celsius, de acordo com análise científica da organização Climate Action Tracker.


 


No panorama mais pessimista, que não considera qualquer restrição à emissão de poluentes, a temperatura média do planeta aumentará 4,4 graus Celsius até o final do século — vale ressaltar que a superfície continental é mais quente do que a marinha, e que as cidades, onde já vivem mais de 60% da população mundial, são mais vulneráveis do que as zonas rurais a fenômenos como ondas de calor e fortes chuvas.


— O único número aceitável para emissão de poluentes é zero — alerta Stela Herschmann, especialista em política climática do Observatório do Clima. — O nível de certeza científica sobre o papel da ação humana no aquecimento global nunca esteve tão claro. Precisamos que o relatório demonstre a urgência de alavancar as negociações da Conferência do Clima de Glasgow (COP-26, em novembro).


Batalha diplomática
Embora a gravidade dos números seja conhecida, e as consequências em ignorá-los estejam cada vez mais claras, a comunidade internacional permanece desunida. Mais de cem governos de nações pobres pleitearam, no mês passado, que países desenvolvidos forneçam US$ 100 bilhões anuais para políticas de mitigação e adaptação às mudanças climáticas, uma promessa feita em 2009, na Conferência do Clima de Copenhague, e jamais cumprida.


Ainda que exijam financiamento, alguns Estados mostraram, durante as negociações do IPCC, pouca disposição para "limpar" os seus modos de produção. A Arábia Saudita, cuja economia é movida a petróleo, foi contrária à menção, no relatório divulgado esta segunda-feira, de qualquer menção a combustíveis fósseis. A Índia, por sua vez, vetou o uso da palavra "carvão", um dos motores de seu desenvolvimento.


— É uma batalha de braço — compara o físico Paulo Artaxo, um dos redatores do IPCC e membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC). — Há avanços notáveis: todos os países estão reduzindo o nível de poluição atmosférica. Estados Unidos e China, que antes impunham entraves às negociações, assumiram posturas propositivas. Resta saber se esse relatório convencerá os países a transformar suas metas voluntárias de redução de poluentes em obrigações, e se as nações desenvolvidas finalmente alimentarão o fundo climático de US$ 100 bilhões anuais.


José Marengo, pesquisador do Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden), destaca que muitos países ainda não tiraram do papel seus planos para redução de emissões de gases estufa, apresentadas após a assinatura do Acordo de Paris, idealizado em 2015.


— Enfrentamos dificuldades, como a saída dos EUA do Acordo, no governo de Donald Trump, e a crise econômica provocada pela pandemia do coronavírus, que tirou dinheiro que poderia ser investido em ações como a troca de combustíveis fósseis por fontes de energia renovável — destaca. — Ao detalhar os eventos esperados em cada região do planeta, o relatório do IPCC fornece informações úteis para decidirmos que políticas de adaptação às mudanças climáticas serão mais eficientes em uma determinada localidade.


O planeta já experimenta transformações climáticas que não eram vistas há séculos – ou, em alguns casos, desde outras eras geológicas. É o caso da concentração de gás carbônico (CO2) na atmosfera, que em 2019 atingiu o seu maior nível dos últimos 2 milhões de anos.


As mudanças provocadas pela ação humana na feição do planeta atingiram um ritmo galopante e serão irreversíveis pelos próximos séculos. O nível do mar, por exemplo, cresceu 20 centímetros entre 1901 e 2018. Até a década de 1990, crescia cerca de 1,35 milímetro por ano. Hoje, são 3,7 milímetros anuais. Inundações e erosão costeira devem tornar-se cada vez mais comuns em cidades litorâneas.


Cerca de 40% do avanço dos oceanos deve ser atribuído ao derretimento de geleiras, que hoje desaparecem a um ritmo sem precedentes nos últimos dois milênios. Segundo o relatório, é provável que o Oceano Ártico, onde a temperatura cresce com maior rapidez no planeta, fique totalmente livre de gelo no verão pelo menos uma vez até 2050.


Impactos no Brasil
Artaxo destaca que o aumento do nível do mar engolirá pedaços do litoral de cidades como Rio de Janeiro e Recife, além de tornar inabitáveis os Estados insulares, que terão sua economia arrasada também pelo aumento da frequência de eventos extremos, como inundações e tempestades.


O relatório demonstra como os eventos extremos se multiplicam conforme cresce a temperatura. Caso o aquecimento do planeta chegue a 2 graus Celsius, uma larga porção do território nacional, abrangendo principalmente a Amazônia e o Cerrado, pode enfrentar períodos de até 20 dias de seca. Se o crescimento dos termômetros atingir o patamar de 4 graus Celsius, então a estiagem também dobrará, e essas regiões ficarão 40 dias consecutivos sem chuvas.


— Haverá um impacto visível na agropecuária — alerta Artaxo. — O Brasil terá que pensar duas vezes se sua economia poderá depender tanto de atividades como criação de gado e plantação de soja. E boa parte da Região Nordeste pode tornar-se árida, o que forçaria o deslocamento de milhões de pessoas. Como o governo pretende lidar com este problema?


Diretor-executivo do WWF-Brasil, Maurício Voivodic avalia que o relatório do IPCC traz alertas adicionais aos países da bacia amazônica. Não basta zerar as emissões — é preciso remover o carbono já existente na atmosfera. A floresta é um dos maiores sumidores do gás de efeito estufa do planeta, o que torna sua preservação mais importante do que nunca.


No entanto, um estudo divulgado em julho pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) demonstrou que as porções mais degradadas da Amazônia estão emitindo mais gases estufa do que capturando. A perda de equilíbrio do bioma, além de afetar o clima em todo o planeta, colocará em risco a segurança alimentar, hídrica e energética do Brasil.


— Em todo o mundo, o desafio é mudar a matriz energética. No Brasil, onde parte de nossa energia já é limpa, o desafio é zerar o desmatamento, que é o que nos coloca como o sexto maior emissor de gases de efeito estufa do mundo — assinala Voivodic. — A melhor ciência do planeta está nos mostrando que o Brasil de Bolsonaro escolheu o caminho da catástrofe e é isso que não podemos aceitar: interesses eleitorais e setoriais não podem prevalecer sobre o bem comum do país.


Fonte: O Globo

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