“Depois de dois anos difíceis de pandemia, com redução de mistura de biodiesel e inseguranças provocadas pela mudança de regra no programa de descarbonização RenovaBio, mudanças estruturais importantes foram introduzidas e seus impactos necessitam ser monitorados e avaliados ao longo de 2022”, analisou Julio Minelli, Diretor Superintendente da APROBIO, durante a sua participação na 36ª Reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Palma de Óleo realizada nesta terça-feira (15/02).
“Apesar do recorde de produção no ano passado, a expectativa para 2022 e 2023 é de retração nos volumes produzidos caso a manutenção de mistura de 10% de biodiesel ao diesel fóssil (B10) se mantenha para todo o ano. O novo modelo de comercialização começou em 1º de janeiro com negociação direta de distribuidoras e usinas e, apesar do nível da contratação para o primeiro bimestre ter sido positivo, ainda é cedo para se fazer uma análise consistente sobre o impacto dessa mudança”, analisou Minelli.
O setor conta com uma capacidade atual autorizada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) de 12,2 bi litros/ano, suficiente para atender imediatamente uma demanda de B20 para um consumo de 61 bi litros de diesel B. Se considerar as ampliações e construções autorizadas, a capacidade cresce mais 2,1 bi litros/ano, totalizando 14,3 bi litros/ano, capaz de atender demanda de B20 para consumo de 71,6 bi litros de diesel B.
Durante a reunião, foi indicado para ser o novo presidente dessa Câmara, Aldryn Ramos Começanha, executivo da empresa BBF, em substituição a Roberto Yokoyama.
A partir de 2023, até 20% da demanda poderá ser suprida por produto importado, o que será mais um fator que afetará a produção nacional, diminuirá a agregação de valor e a geração de empregos verdes no país. “Produção nacional deverá competir com mercados externos incentivados”, explicou Minelli.
Outro ponto levantado foi a nova proposta de especificação de produto, que passou por processo de análise, consulta e audiência pública pela ANP, e poderá incluir novos testes e limites que além de representarem um novo desafio para a produção do biodiesel a partir do óleo de palma e gorduras, aumentará o custo com exigências que poderiam até ser razoáveis para climas polares, o que não é do caso do Brasil.
No caso dos biocombustíveis avançados (Diesel Verde e bioquerosene de aviação), o setor aguarda uma definição clara do governo ou por aprovação de legislação específica em discussão no Congresso. “Já temos rotas de produção definidas pela ANP, que podem substituir em 100% o diesel fóssil e em até 50% o querosene de aviação e o setor espera uma clareza de políticas e respaldo de segurança jurídica, já que a implantação de usinas para estes produtos exige altos investimentos”, completou Minelli.
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