A mistura de 15% de biodiesel ao diesel fóssil (B15) começou a se tornar realidade no Brasil em 23 de março de 2016, por meio da Lei 13.263, que estabeleceu a evolução formal a partir de B10 até atingir B15 em 2023. Desde então, a estratégia de avanço foi suportada por uma intensa programação de testes que deram segurança para o crescimento da utilização do produto.
“Cerca de um milhão de litros de combustível foi fornecido para os testes e custeados pelas usinas. As misturas foram realizadas e envazadas diretamente por uma distribuidora e todas as montadoras, seguimentos envolvidos e associações de equipamentos foram convidados a definir os testes necessários”, explicou Julio Cesar Minelli, Diretor Superintendente da Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (APROBIO), durante a 35ª Reunião Ordinária da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Palma de Óleo, realizada nesta terça-feira (10/08).
Minelli lembrou que na oportunidade, pelos resultados dos ensaios realizados pelas associadas da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA), ficou entendido que o aumento do teor do biodiesel no óleo para 15% deveria ser precedido de alterações na especificação do combustível (mistura) para garantir uma estabilidade mínima de 20 horas, pois, ao que tudo indicou nos testes, essa seria a principal causa para as inconformidades encontradas. Mesmo em volume menor na mistura, os produtores de biodiesel se adiantaram e propuseram aumento da estabilidade do produto e realizaram testes, de modo a garantir o valor mínimo da estabilidade da mistura.
O executivo ressaltou que o B20 é compatível com a próxima fase da legislação de redução de emissões de poluentes de veículos comerciais pesados a diesel, o Proconve (P8), estabelecida pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), uma vez existirem veículos/motores aprovados para B20, B30 e até B100 na Europa, regido pelo equivalente ao P8, o Euro VI.
“Entidades que ‘criticam’ hoje o aumento da mistura fazem apenas declarações vazias, sem uma agenda propositiva ou a busca do diálogo. Já possuímos uma especificação muito restritiva. Ainda que não esteja totalmente comprovado que os metais eventualmente presentes no biodiesel possam afetar a durabilidade do sistema, as entidades já propuseram redução dos limites de contaminação por metais”, explicou Minelli, que também informou que o setor cobrou celeridade nos ajustes da especificação por parte da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Minelli ressaltou que a APROBIO apoia o Programa de Monitoramento da Qualidade do Biodiesel (PMQBio) proposto pela ANP, mas frisou que é importante incluir nesse programa as refinarias, atestar a qualidade da mistura nas distribuidoras e garantir boas práticas em todos os elos da cadeia com o biodiesel atendendo e superando as exigências das novas tecnologias de motores.
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