Entidade do setor de biocombustíveis defende aumento do percentual e destaca potencial do segmento para contribuir com as metas brasileiras de descarbonização
A decisão do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) de manter a redução da mistura do biodiesel no diesel fóssil em 10% para 2022 voltou a incomodar o setor de biocombustíveis, que esperava o retorno ao patamar original de 13%, não praticado durante do ano.
De acordo com a Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio), medidas como essa são tomadas porque o CNPE é formado por integrantes de muitos ministérios alheios à realidade do setor e os movimentos internacionais.
Presidente da associação e ministro da Agricultura no primeiro mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso, Francisco Turra busca uma audiência com o presidente Jair Bolsonaro (PL) para discutir o impacto da medida para o setor e o prejuízo que ela causa para imagem do Brasil no exterior. Principalmente após os compromissos assumidos em outubro, durante a Conferência das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas (COP26), em Glasgow, capital da Escócia.
“Os ministros Bento Albuquerque (Minas e Energia) e Tereza Cristina (Agricultura) são excelentes. Mas o CNPE é formado por integrantes de 10 ministérios. É muita gente tomando decisão sobre um mesmo assunto sem afinidade com os temas. Acho natural que o Meio Ambiente esteja no meio do processo, por exemplo. Mas queremos essa audiência com o presidente para levar o assunto diretamente a ele, porque são muitos agentes envolvidos. Queremos mostrar os prejuízos que a medida gera, e tenho certeza que ele vai entender”, afirma Turra.
A justificativa para a manutenção do nível de mistura em 10% é a variação do preço das commodities no mercado internacional, o que afeta as matérias primas do biodiesel.
Principalmente a soja, que responde por 75% dos vegetais esmagados para a produção. Contudo, um estudo da Aprobio mostra que, de janeiro a outubro, a variação de preço do biodiesel na mistura final do diesel variou apenas 0,1 ponto percentual. No mesmo período, o custo do diesel fóssil subiu 13,7%.
Turra lembra ainda dos compromissos de descarbonização assumidos pelo Brasil na COP26. “O nosso produto é instrumento para que isto aconteça e desenvolve as comunidades onde há a instalação de usinas de biodiesel. O custo de 0,1 ponto percentual é muito pequeno tendo em vista os benefícios provocados, com geração de empregos, de riqueza, com impacto para as cadeias de aves e suínos, afetando até mesmo a comercialização de ovos. Fora que o contrário disto significa continuar comprando diesel fóssil do exterior, a preços que seguem em crescimento”, conclui Turra.
A entidade destaca ainda que o setor tem condições para atender até mesmo percentuais maiores de mistura, como os praticados em alguns países da Europa, na faixa de 20%, ou em estados dos EUA, acima deste patamar, e até mesmo da Malásia, onde o nível chega a 30%.
Questionado sobre as críticas à composição do CNPE, o Ministério de Minas e Energia não se posicionou até o momento. Além das pastas já citadas, integram o conselho, como membros efetivos, os ministros de Relações Exteriores, Economia, Infraestrutura, Ciência e Tecnologia, Desenvolvimento Regional e do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, além do presidente da Empresa de Pesquisas Energéticas (EPE).
Fonte: CNN Brasil
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