A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) divulgou esta semana uma análise detalhada sobre a contribuição dos biocombustíveis e da bioeletricidade na matriz energética do Brasil. O estudo revela que essas fontes renováveis tiveram um papel fundamental na redução da intensidade de carbono em 2023.
De acordo com o levantamento, a produção de etanol, biodiesel e a geração de energia elétrica em usinas sucroenergéticas não só aumentaram, como também resultaram em mais de 85,62 milhões de toneladas de CO2 evitadas. Esse valor é 16% maior do que o registrado antes da pandemia de Covid-19.
Bioeletricidade: Um salto na geração de energia renovável
A bioeletricidade representou 8,2% da energia elétrica gerada no Brasil em 2023. Grande parte dessa geração veio do bagaço da cana, utilizado pelas usinas de etanol. Esse aumento na geração bioelétrica, aliado ao crescimento das energias eólica e solar, ajudou a tornar a matriz energética brasileira ainda mais sustentável.
Essa combinação de fontes renováveis deslocou a participação de térmicas a gás natural e derivados de petróleo significativamente. A EPE aponta que o fator médio de emissão do Sistema Interligado Nacional (SIN) caiu para 0,0385 tCO2/MWh – cerca de 10% menor que o valor de 2022, sendo o menor valor dos últimos 12 anos.
Como os biocombustíveis contribuem para a redução de emissões?
Os biocombustíveis tiveram um impacto notável na redução de emissões em 2023. A matriz de transportes se tornou 22,5% renovável, em grande parte devido ao aumento da mistura de biodiesel no diesel, que passou de 10% para 12%.
-Etanol: O uso do etanol anidro e hidratado de cana e milho de primeira geração evitou comparações aos equivalentes fósseis (gasolina e diesel).
-Biodiesel: As emissões evitadas pelo biodiesel em 2023 foram 18,5% maiores que no ano anterior.
No total, as emissões evitadas pelos biocombustíveis somaram 84,2 MtCO2 em 2023, representando um aumento significativo em relação ao ano anterior.
Quais são as perspectivas dos biocombustíveis para o futuro?
A EPE prevê que a bioenergia ganhará ainda mais importância com o avanço da transição energética. A demanda por biocombustíveis drop-in para transporte pesado de longa distância, que são mais difíceis de eletrificar, deve aumentar nos próximos anos.
Diversas regulações, tanto nacionais quanto internacionais, como o Combustível do Futuro e o esquema de compensação de emissões para a aviação (Corsia), devem impulsionar a necessidade de combustíveis renováveis. O Brasil, que está na presidência rotativa do G20, tem promovido sua bioenergia como uma solução sustentável para descarbonizar esses setores.
Apoio governamental e oportunidades de mercado
O governo brasileiro apresentará em setembro uma proposta à Organização Marítima Internacional (IMO) para abrir mercados aos combustíveis de base agrícola. A intenção é destacar as características regionais nos cálculos de intensidade de carbono, mostrando que o uso da terra no Brasil é mais sustentável do que os padrões europeus apontam.
Além disso, a Frente Parlamentar pelo Livre Mercado (FPLM) celebrou a responsabilidade atribuída ao produtor na mistura de diesel verde ao combustível fóssil, facilitando a transformação do mercado de biocombustíveis até 2030.
Contexto Adicional
A geração própria de energia no Brasil ganhou 381 mil novas usinas de janeiro a julho de 2024, resultando em 4 GW de potência.
A AXS Energia captou R$ 120 milhões em debêntures incentivadas para a instalação de usinas de geração distribuída solar.
Agentes do setor apoiaram protestos contra a importação de diesel com diferimento do ICMS-Importação permitida pelo Maranhão.
A bioeletricidade e os biocombustíveis estão desempenhando um papel crucial na transformação da matriz energética brasileira. Com o apoio governamental e a crescente demanda por fontes de energia renováveis, o Brasil está bem posicionado para liderar a transição energética global.
Fonte: O Antagonista
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