Os valores do biodiesel no próximo leilão do produto, marcado para a primeira semana de agosto, devem seguir estáveis, apesar da disparada nos preços de óleo de soja e da limitação de matéria-prima disponível no mercado doméstico, uma vez que o preço já se encontra em nível 50pc superior ao do início do ano. A oferta do biocombustível, no entanto, seguirá atendendo à demanda das distribuidoras, de acordo com associações de produtores.
A Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio) estima que a capacidade de oferta no 75º Leilão de Biodiesel (L75) – que será conduzido pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) – atinja aproximadamente 1,6 milhão de m³, ligeiramente acima da média de volume ofertado nos leilões tradicionais deste ano, em torno de 1,5 milhão de m³. A demanda na operação da semana que vem deve ser próxima de 1,3 milhão de m³. Como no último leilão complementar, o preço do biodiesel atingiu R$4.578/m³, 50pc maior que o observado no primeiro leilão de 2020, compradores não esperam grandes mudanças de valores para o certame de agosto.
As cotações de óleo de soja – principal insumo utilizado na fabricação de biodiesel – subiram aproximadamente 33pc no período janeiro-julho, para R$4.700/t, de acordo com o indicador apurado pela Argus. Além da forte demanda interna, o aumento é também justificado pelo crescimento das exportações de soja, assim como do óleo extraído.
O Brasil colheu um recorde de mais de 120 milhões de t de soja neste ano e, segundo dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), cerca de 60 milhões de t foram exportadas no primeiro semestre.
As chances de zerar o estoque de óleo de soja no mercado, doméstico, no entanto, são baixas para produtores de biodiesel.
As vendas de diesel B somaram 4,6 milhões de m³ em junho, de acordo com dados da ANP, alta de 7pc em relação ao mês anterior e praticamente estável ante igual período de 2019.
Pico de preço e avanço de mescla de biodiesel
A valorização mais expressiva do óleo de soja desde abril, sobretudo no mês de julho, quando alguns agentes do setor passaram a considerar a possibilidade de atingir a marca de R$5.000/t, reacendeu as conversas sobre a redução do percentual mínimo de mescla de 12pc de biodiesel no combustível fóssil. Dentro do cronograma atual do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), haverá um aumento de 1pp na mistura obrigatória a cada ano, até que o B15 seja alcançado em 2023.
O argumento de que pode faltar biodiesel para justificar a diminuição da mistura obrigatória não condiz com a realidade do mercado, segundo fontes ouvidas pela Argus.
"Associadas ofereceram [retirada de biodiesel] aos sábados, por exemplo, o que não costuma acontecer. E não apareceu um caminhão sequer. Se tivesse essa demanda declarada [e não atendida] por parte das distribuidoras, isso não aconteceria", disse Julio Minelli, diretor superintendente da Aprobio à Argus, referindo-se ao leilão com retiradas programadas para maio e junho. "Sempre tem alguém se movimentando [para atrasar o aumento da mistura]. Mas o Ministério de Minas e Energia (MME) já deu carta branca para um projeto de lei que estenderia a mistura até o B20 em 2028", completou.
Fonte: Argus Media
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