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20 abr 2019 - 09:00
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Países lançam agenda econômica contra mudança climática

Proposta é assinada por 23 países

Acordo de Helsinque é pouco eficaz

Durante a reunião da Primavera sediada no Banco Mundial, os ministros da Fazenda de 23 países formaram uma aliança para adotar iniciativas macroeconômicas para combater os efeitos da mudança climática. Conhecido como 'Princípios de Helsinque', o acordo enumera 6 medidas que deverão ser incluídas na agenda econômica de seus respectivos países.

O governo do Chile, país que sediará a 25a conferência do clima no final do ano, acredita que a criação de incentivos fiscais para a transição 'verde' sinaliza ao mercado a necessidade de inovar os principais setores da economia. Segundo o ministro da Fazenda, Felipe Larraín Bascuñán, a mudança climática é uma ameaça que afeta a todos e também pode ser uma grande oportunidade de negócios.

O acordo assinado esta semana é bastante vago, o que o torna mais simbólico do que eficaz. O que mais chama atenção não é o conteúdo do acordo em si, mas a representatividade das pessoas que o assinaram.  Usualmente, iniciativas desse tipo partem de ambientalistas. Desta vez, a iniciativa partiu da área econômica dos governos.

O acordo tem seu devido valor por sinalizar ao setor privado que há oportunidades de investimento em tecnologias e recursos que revertam os efeitos do aquecimento global. Os consumidores também se beneficiarão da iniciativa de investimento, pois o crescimento na competição de práticas ecológicas representará mais opções e preços mais baixos.

Em entrevista para o podcast da Universidade da Columbia, Ian Conn, CEO da Centrica, empresa multinacional de eletricidade e gás no Reino Unido, afirmou ser favorável a uma maior competição no mercado de energia que permita descentralizar a distribuição.

Segundo ele, quanto mais opções estiverem à disposição do consumidor, mais avanços serão observados no mercado. Ele diz que, graças às inovações do mercado europeu, os consumidores estão mais cientes do processo e do preço dos distribuidores de energia.

A digitalização é outra tendência citada por Conn. Com a integração de sistemas, o consumidor pode saber quanto de CO2 (dióxido de carbono) é emitido, assim como quais aparelhos e diferentes ambientes da casa consomem mais energia. Essa informação empodera os consumidores e permite que escolham produtos que poluem menos.

Em níveis macros, o lançamento de 'ações verdes' (green bonds, em inglês) no mercado financeiro europeu representa um incentivo monetário para investimentos em tecnologias sustentáveis. As ações revertem recursos para a inovação no setor,  assim como cumprem as exigências das empresas de adoção de políticas sustentáveis.

Entre os países que assinaram o acordo, essa prática é bem recebida como um dos métodos a serem adotados daqui para frente com o propósito de atrair mais investimentos no setor privado.

Para alguns países em desenvolvimento, a adoção de incentivos fiscais não é tão simples. A ministra da Fazenda nigeriana, Zainan Ahmed, comentou que seu país não planeja adotar medidas fiscais no uso de biocombustível porque não está preparado para essa transição.

Segundo Ahmed, a Nigéria, apesar de ser signatária do acordo, não tem condições financeiras de suportar um imposto sob carbono, pois toda sua infraestrura foi construída com base no petróleo e o aumento de impostos trará consequências sociais preocupantes.

Em meio a tantos acordos para combater os efeitos da mudança climática, a aliança de Helsinque representa um passo simbólico para os avanços diretamente relacionados à economia dos países. Ao incluir na equação incentivos fiscais para o mercado financeiro, o acordo tenta atrair a participação dos consumidores e do setor privado na busca por soluções.

Fonte: Poder 360
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