Presidente da COP28, o sultão Ahmed al-Jaber divulgou nesta quinta (13/7) a agenda de negociações para a principal cúpula global sobre o clima, incluindo ambição de triplicar a produção de energia renovável e dobrar a produção de hidrogênio até 2030 para acelerar a transição.
Além de dobrar o financiamento, até 2025, para compensar os países pobres atingidos por eventos extremos causados pela elevação da temperatura da Terra.
A Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2023 (COP28) ocorre em novembro deste ano nos Emirados Árabes Unidos, país que tem o petróleo como importante motor da economia.
O plano de trabalho divulgado hoje por al-Jaber, que também é CEO da petroleira estatal Adnoc, tem quatro pilares: acelerar a transição energética responsável, corrigir o financiamento climático, focar os esforços de adaptação nas pessoas e meios de subsistência e tornar a COP “totalmente inclusiva”.
Ao mesmo tempo em que reconheceu que abandonar as energias fósseis é “inevitável e essencial”, o executivo disse que não tem “uma varinha mágica” para determinar o ritmo de abandono dos combustíveis fósseis. E instou as empresas a diversificar o portfólio.
“Temos que ter cuidado, não devemos criar uma crise energética”.
A nomeação de al-Jaber para presidir o evento da ONU é cercada de críticas desde o início. Grupos ambientalistas temem que a conferência falhe em construir os acordos necessários – e urgentes – para enfrentamento da crise climática já em curso.
Na reunião de hoje com ministros do clima de países como Brasil, China e Estados Unidos na Bélgica, o sultão argumentou que o ritmo de desenvolvimento e crescimento do novo sistema energético não acompanha as necessidades dos países emergentes.
“As economias estão crescendo, as populações estão crescendo. Não podemos eliminar o sistema energético atual antes de construir o sistema de amanhã, com zero emissão de CO2”.
O que diz o plano de trabalho
Segundo o sultão, o objetivo central será manter 1,5ºC ao alcance. Nada fácil, já que o próprio reconhece que os acordos e medidas adotados desde o Acordo de Paris, em 2015, não atendem “à urgência do momento”.
“Hoje, estou convocando todos nós a interromper os negócios como sempre, unir-nos em torno de uma ação decisiva e alcançar resultados que mudam o jogo”.
Renováveis e hidrogênio
O primeiro pilar é acelerar a transição, para triplicar a produção de energia renovável e a dobrar a produção de hidrogênio até 2030, instando as empresas de petróleo e gás a diversificar para energias limpas.
Nesse sentido, defende uma abordagem holística, que reúna a oferta e a demanda em uma resposta integrada.
“Precisamos usar todas as ferramentas de redução de emissões disponíveis, incluindo tecnologias nucleares, de armazenamento de baterias e captura e remoção de carbono, especialmente para os setores mais difíceis de reduzir”, disse o presidente designado.
Transição justa
Financiamento é o segundo. A Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês) estima que os investimentos anuais em energia limpa precisarão mais do que triplicar até 2030, nos países de renda média e baixa.
Significa saltar dos US$ 770 bilhões em 2022 para até US$ 2,8 trilhões no início da próxima década.
Al-Jaber pediu uma “transformação abrangente” do financiamento climático, com foco no Sul global para garantir que essas tenham acesso a recursos para sua transição energética.
A presidência da COP28 já está trabalhando com o FMI, o Banco Mundial e o GFANZ (aliança do setor financeiro para o net zero) para padronizar os mercados voluntários de carbono e incentivar o capital privado e o financiamento.
O presidente designado da COP28 também pediu que os países ricos dobrem o financiamento para adaptação até 2025, para ajudar os mais vulneráveis a suportar os impactos da mudança do clima – além de fecharem a lacuna dos US$ 100 bilhões este ano.
Adaptação focada nas pessoas
A proposta é promover o foco mundial na natureza, alimentação, saúde e resiliência como parte de uma estrutura robusta para o Objetivo Global de Adaptação.
O primeiro dia da COP28 será dedicado à saúde. A organização está construindo uma parceria com a Organização Mundial da Saúde, Alemanha, Quênia, Reino Unido, Egito, Brasil e Fiji para direcionar as discussões.
O sultão também pediu aos governos que integrem os planos de Transformação do Sistema Alimentar Nacional em suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) e nos planos de Adaptação Nacional.
Mais inclusiva?
A COP27, em novembro do ano passado, no Egito, foi marcada pelo aumento no número de lobistas da indústria fóssil presentes no evento. A deste ano, nos Emirados Árabes, presidida por um CEO do petróleo, acendeu o mesmo alerta entre os ativistas ambientais.
Mas al-Jaber disse hoje que esta será a COP mais inclusiva até agora, com o maior programa de jovens delegados do clima e um pavilhão designado para povos indígenas, além de um número histórico de prefeitos e líderes locais inscritos para apresentar as ações climáticas que estão conduzindo em nível subnacional.
Fonte: epbr
Para população do G20, governos estão falhando no enfrentamento à crise climática
Biodiesel a bordo: biocombustível deve ganhar espaço na descarbonização de navios