Impulsionado pelo desenvolvimento e a adoção de tecnologia agrícola, o Brasil caminha rapidamente para alcançar os objetivos do desenvolvimento sustentável
Toda a atividade humana interfere no meio ambiente. A simples construção de uma casa, por exemplo, pode alterar as condições do solo local, aumentar o consumo de água, empregar materiais potencialmente poluentes e produzir lixo. No entanto, como não há cavernas naturais suficientes para alojar os 7,79 bilhões de pessoas que habitam o planeta, os seres humanos precisam fazer seus abrigos.
Como satisfazer as necessidades da população por alimento, água, energia, moradia, transporte e bens de consumo e, ao mesmo tempo, preservar os recursos naturais essenciais tanto para os processos produtivos quanto para a preservação do planeta tem sido objeto de incontáveis estudos e pesquisas científicas.
Frente a um período de maior discussão sobre a agenda climática com o retorno dos Estados Unidos no Acordo de Paris, o olhar para o Brasil foi intensificado. Afinal, é difícil passar desapercebido sendo um gigante da biodiversidade e ao mesmo tempo, um grande provedor de alimentos e fibras.
A Convenção Sobre Diversidade Biológica (CDB) é o primeiro tratado mundial sobre a utilização sustentável, conservação e repartição equitativa dos benefícios derivados da biodiversidade, que foi assinado por 156 países durante a ECO92 no Rio de Janeiro.
Um marco inquestionável desse acordo é o reconhecimento global de que a conservação do meio ambiente é uma preocupação comum da humanidade e parte integrante do processo de desenvolvimento.
O agronegócio brasileiro já superou fases de investimentos em pesquisa e desenvolvimento que fizeram o país sair, em poucas décadas, da posição de importador a exportador de alimentos. Atualmente, a nova fase é impulsionada pela “sustentabilidade” nos sistemas produtivos. No entanto, é preciso reconhecer que mesmo que a prioridade do passado não tenha sido nessa direção, a jornada rumo à sustentabilidade na produção agrícola do Brasil já foi iniciada.
O Brasil, como país megadiverso e com a maior floresta tropical do mundo, possui grande relevância ao ser responsável por serviços ecossistêmicos que promovem bem-estar à população global.
Simultaneamente, é uma potência agrícola, em grande parte, pelo seu território, clima, expertise e adoção de tecnologias que resultam em alta produção de alimentos para um número crescente de pessoas em todo o mundo.
Nada disso acontece sem muito esforço e melhorias constantes de processos, mas, não faltam iniciativas no setor agrícola brasileiro que revelam uma trajetória aliada à sustentabilidade e conectada ao momento atual:
- O Brasil adota práticas sustentáveis vinculadas ao chamado “Plano ABC (Agricultura de Baixo Carbono)”, renovado até 2030 sob a denominação de Plano ABC+;
- A diversidade da matriz energética brasileira foi iniciada na década de 70 com o ProÁlcool e evoluiu para o RenovaBio, promovendo o desenvolvimento e uso de biocombustíveis. O que resultou em 17% da matriz energética proveniente da cana-de-açúcar;
- O país reúne diversas iniciativas de descabornização da agricultura e pecuária, a exemplo da carne carbono neutro produzida no sistema Integração Lavoura- Pecuária Floresta (ILPF) e a certificação da soja de baixo carbono com a adoção de práticas como fixação biológica de nitrogênio (FBN) e o manejo integrado de pragas (MIP);
- O agronegócio contempla área florestal dentro da propriedade, resultante da implementação do Código Florestal. Exemplo único de regulamentação que determina um percentual de reserva legal de 80% na Amazônia Legal, 35% nos cerrados e 20% no restante do país.
- O estímulo à inovação está presente em programas que promovem o uso eficiente de recursos e geração de informações para a tomada de decisão pelo agricultor.
É inegável que o Brasil tem inúmeros desafios a serem superados, mas, reúne expertise e histórico de soluções para uma agricultura tropical que o permite se destacar como potência sustentável no planeta.
A agenda global orientada pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS) é uma excelente oportunidade para um diálogo positivo e de reconhecimento das potencialidades agrícolas do país na complexa equação de abastecer o mundo sem esgotar o planeta.
*Christian Lohbauer é presidente executivo da CropLife Brasil, associação que atua na pesquisa e desenvolvimento de tecnologias nas áreas de germoplasma, biotecnologia, defensivos químicos e produtos biológicos.
Fonte: Revista Gobo Rural
‘Brasil traz ações concretas para transição energética e é o que precisamos’, diz Batistella
Etanol, biodiesel, SAF: qual a importância dos biocombustíveis para a economia brasileira?
A PBIO quer aumentar a produção de biocombustíveis dando oportunidades também para os pequenos produtores
Brasil e Reino Unido lançam aliança global para acelerar transição energética