Erasmo Carlos Battistella[i]
Adotar medidas que efetivamente reduzam o impacto ambiental das atividades econômicas é tarefa que se incorpora cada vez mais ao setor produtivo, seja pela conscientização de consumidores e empresas, seja pelas consequências das mudanças climáticas percebidas por todos nós. Mais do que isso, reduzir as emissões de gases de efeito estufa é um compromisso firmado pelo Brasil, transformado em lei e que começa a ser colocado em prática.
Instituída em dezembro de 2017, a Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio) vai promover a expansão da produção e consumo de combustíveis renováveis. Além de trazer previsibilidade e sustentabilidade ambiental, econômica e social, essa iniciativa é determinante para fazer com que o Brasil diminua em 10,1% a intensidade das emissões de gases de efeito estufa dos combustíveis utilizados nos transportes nos próximos dez anos. Ou seja, chegaremos a 2028 lançando menos dióxido de carbono do que hoje em dia. Para isso, o país deverá contar, ao fim da próxima década, com 18% de participação dos biocombustíveis na matriz energética.
Trata-se de uma oportunidade que o Brasil não pode mais desperdiçar. Somos o segundo maior mercado de biocombustíveis no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, que no primeiro semestre de 2018 já incrementaram a produção de biodiesel em 20%. Com o aumento da mistura de biodiesel ao diesel derivado de petróleo vendido nos postos de combustível, que passou de 8% (B8) para 10% (B10) em março passado, o Brasil elevará a produção de 4,3 bilhões de litros para 5,4 bilhões. É um inegável avanço, mas podemos avançar mais.
O poder público pode fazer sua parte, incentivando o uso de misturas mais elevadas, como o B20 ou mesmo o biodiesel puro (B100), nas frotas de ônibus dos sistemas de transporte público de grandes cidades ou em outros veículos de serviços movidos a diesel. Da mesma forma, empresas com ponto de abastecimento dedicado já estão autorizadas, desde julho, a utilizar em sua frota outros níveis de mistura além do B10, podendo atingir até B20.
Todos podem contribuir para reduzir as emissões e diminuir o impacto ambiental das atividades de transporte. No que depender do setor de biodiesel, não faltará ao Brasil combustível para o desenvolvimento sustentável.
[i] Fundador e Presidente da BSBIOS e da APROBIO - Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil