Reduzir a emissão de CO2 na atmosfera e aumentar a geração de emprego e renda entre as famílias brasileiras são alguns dos objetivos da produção de biodiesel no Brasil. Para impulsionar a cadeia produtiva, o governo aumenta gradativamente todos os anos a mistura do biodiesel no diesel tradicional. E desde março deste ano, a mistura de 8% de biodiesel, o denominado B8, no diesel é válida.
Assim, o documento 'Bio Brasil 2030' assinado pelas entidades representativas da área de biodiesel em apoio ao Renovabio, determinam o crescimento, que tinha como previsão 9% e 10%, respectivamente, a partir de 1º de março de 2018 e 1º de março de 2019, chegando ao B15 em 2.025 e ao B20 em 2.030. Mas recentemente, o Governo Federal antecipou o acréscimo para 10% (B10), já para 1º de março de 2018. A garantia do aumento foi dada durante audiência da Frente Parlamentar Mista do Biodiesel (FrenteBio).
A produção de biodiesel para 2017 é de aproximadamente 4,2 bilhões de litros, segundo a União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio). Atualmente, o Brasil tem uma ociosidade em relação a capacidade de biodiesel. A disposição de produção é de 7,7 bilhões de litros/ano, ou seja, mesmo com o B10 ainda haverá ociosidade média de 40%.
A cada 1% de biodiesel adicionado ao diesel significa cerca de 550 milhões de litros/ano do biocombustível. Ou seja, com o B10, o consumo anual de biodiesel seria de 5,5 bilhões de litros. 'Esse volume pode ser atendido pelo setor com tranquilidade, já que o país dispõe de matéria-prima, mão de obra qualificada, capacidade industrial instalada e ociosa', explica o diretor superintendente da Ubrabio, Donizete Tokarski.
O diretor superintendente da
Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (Aprobio), Julio Cesar Minelli, explica que o setor defende o aumento de mistura como uma forma de reduzir a dependência do diesel importado, agregando valor e gerando mais empregos com a riqueza já produzida em nossos campos, além dos benefícios socioambientais. 'O Brasil possui uma deficiência na capacidade de refino e produção de combustíveis que é conhecida por todos no mercado. Ela tende a aumentar naturalmente, se novos investimentos não forem executados', explica.
Minelli esclarece que a antecipação do aumento da mistura do biodiesel no óleo diesel, com 9% por litro ainda este ano e 10% em 2018, contribuirá para reativar usinas que fecharam em diversas regiões do país devido a estagnação do mercado, possibilitando o reaquecimento das economias regionais com a geração de empregos, renda e impostos municipais e estaduais.
Impactos
Mesmo com esse adiantamento e o aumento de consumo de biodiesel, a Petrobras reduziu a importação de diesel. De acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a participação da empresa nas importações de diesel pelo Brasil caiu de 83,6%, em 2015, para 15,8% em 2016. 'A chegada do B10 representa uma oportunidade para a Petrobras, porque em cada litro de biodiesel comercializado no país, a estatal tem um ganho', pontua o representante da Ubrabio.
A Petrobras já foi responsável por quase 100% das importações de diesel para complementar o déficit da produção interna brasileira. Mas, nos últimos dois anos, com a crise da petroleira, a situação mudou. 'Desde então, houve uma significativa redução do volume importado pela estatal, enquanto houve uma explosão de importação por outros intermediários e empresas grandes consumidoras desse derivado de petróleo', explica Tokarski.
No ano de 2015, a participação da Petrobras nas importações de diesel pelo Brasil era de 83,6%. Em 2016, caiu para 15,8%. Apesar da redução da participação o mercado, o volume importado de diesel vem crescendo. As importações de diesel acumuladas de janeiro a junho de deste ano já atingem 5,82 bilhões de litros, o que é 67 % maior que o mesmo período de 2016.
Segundo Julio Cesar Minelli, da
Aprobio, incialmente precisa-se esclarecer que mesmo com o consumo interno menor em função da estagnação da economia, a importação de diesel pelo país tem aumentado. 'O que está acontecendo é que a Petrobras deixou de ser a única importadora de derivados de petróleo, dividindo essa atividade com o mercado, que com essa oportunidade acabou internando uma maior quantidade de produto, fazendo com que houvesse até uma redução nas vendas da produção da própria Petrobras', explica.
Tokarski complementa que o Brasil sempre foi e continuará sendo um importador estrutural de diesel. 'Nos últimos dois anos, com a crise da petroleira, houve uma significativa redução do volume importado pela Petrobras, enquanto que houve uma explosão de importação por outros intermediários e empresas grandes consumidoras desse derivado de petróleo'.
Mas, essa mudança de política da estatal causa um impacto secundário à cadeia de biodiesel. De acordo com Minelli, as bases de distribuição que ficam próximas aos portos e que recebem o diesel importado, também estão localizadas próximas às refinarias. 'A maioria dos produtos importados pela Petrobras era recebida por dutos, agora, com o aumento dos volumes importados por outros agentes, as bases passaram a receber por rodovias, que além de aumentar o fluxo de caminhões, gerando mais emissões, sobrecarrega a estrutura de descarregamento nas distribuidoras', complementa.
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Fonte: Jornal Canal Bioenergia