Iniciativa da Pró-Reitoria de Pesquisa da Universidade de São Paulo – USP, a série USP Talks traz professores da universidade para abordar temas de interesse da sociedade. Através de eventos mensais, o objetivo é aproximar a comunidade científica e acadêmica da sociedade.
No vídeo acima, a pesquisadora aposentada do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE -, Thelma Krug, abordou o tema dos cenários futuros de aquecimento global do planeta. Thelma também participa como vice-presidente recentemente aposentada do do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima – IPCC, na sigla em inglês.
Na palestra, ela inicia discutindo o acordo climático de Paris e seu objetivo de limitar o aquecimento global. A temperatura média global subiu 1ºC acima dos níveis pré-industriais, e para evitar que ela ultrapasse 1,5ºC, profundas alterações sistêmicas serão necessárias em todos os setores das sociedades.
Um dos relatórios mais recentes elaborados pelo IPCC discutiu os riscos e impactos esperados para dois cenários diferentes, um de aquecimento de até 1,5ºC e outro de aquecimento de até 2ºC. O relatório também tratou de possíveis trajetórias de mitigação das emissões de gases de efeito estufa, mostrando que os compromissos assumidos pelos países levariam a um aquecimento maior.
A falta de ambição demonstrada pela maior parte dos países na última reunião da convenção de mudanças climáticas das Nações Unidas foi um dos grandes desapontamentos, em especial frente aos alertas do relatório do IPCC. Revertendo décadas de atuação internacional, o Brasil representou um dos maiores obstáculos ao avanço de negociações na última reunião.
Com o nível de aquecimento atual, já existem riscos moderados introduzidos pelo aquecimento global. Entre eles, “escassez de água em zonas áridas, erosão de solos, perda de vegetação, a questão de danos por queimadas”, ressaltou a pesquisadora.
No caso de países tropicais como o Brasil, o aquecimento atual de 1ºC da temperatura média global pode levar a um declínio da produtividade agrícola. “É onde nós estamos hoje, risco moderado. Quando você vai pra 1,5ºC, alguns desses riscos se tornam altos”, alertou Thelma. Em um cenário de aquecimento de 2ºC, o risco se torna muito alto.
Há uma grande diferença de impactos e riscos entre os cenários de 1,5ºC e 2ºC. “A situação é realmente dramática”, disse Thelma. O relatório do IPCC apontou a necessidade de uma rápida mitigação a fim de reduzir os riscos futuros.
“O Brasil poderia buscar oportunidades”, disse a pesquisadora. O país poderia explorar a alternativa da bioenergia para minimização das emissões, de modo sustentável. É uma oportunidade que poderia ser melhor explorada pelo país.
Fonte: Ciência e Clima
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