Defender o potencial máximo do biodiesel e a introdução de produtos avançados na gama de biocombustíveis do Brasil são os principais objetivos da APROBIO, na definição dada pelo presidente do Conselho de Administração da associação, Erasmo Carlos Battistella, em palestra nesta terça-feira (5), durante o VII Congresso da Rede Brasileira de Tecnologia e Inovação de Biodiesel, em Florianópolis (SC).
Nas palavras do empresário, um dos pioneiros do setor no Brasil, o biodiesel é um “patrimônio brasileiro”. “Temos mais de 50 unidades industriais em atividade, recebendo investimentos e capacitadas para atender a demanda nacional atual e futura”, afirmou Erasmo Battistella. Ele lembrou que, na semana passada, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, confirmou a entrada em vigor do B12 em 2020 e o cumprimento do cronograma do aumento da mistura de biodiesel até o B15 em 2023, o que vai incentivar mais investimentos no setor.
Por isso, de acordo com o presidente da APROBIO, o Brasil deve adotar políticas públicas e marcos regulatórios que possam elevar o uso de biodiesel até B20 ou B30 e que incluam a introdução do diesel verde, (HVO, sigla em inglês para Hydrotreated Vegetable Oil), e do querosene de aviação alternativo (SPK, ou Syntthetic Paraffinic Kerosene) na matriz energética.
“Defendemos a utilização de biodiesel com uma mescla de HVO. Por exemplo, podemos começar com B15H5, ou B20H10, e adotar nas grandes cidades o B20H80, substituindo o diesel derivado de petróleo em 100%”, explicou Erasmo Battistella.
Biocombustíveis avançados são mais eficazes que eletrificação
Um dos potenciais exemplos para a troca total do combustível fóssil é São Paulo, cuja legislação já prevê a redução total das emissões de gases de efeito estufa no sistema de transporte público municipal. “Fala-se muito em ônibus elétrico, mas não se fala que, para trocar toda a frota atual por veículos movidos a eletricidade, o preço da passagem de ônibus teria de dobrar. Ou seja, um custo muito alto para o passageiro e para todos os contribuintes”, disse o presidente da APROBIO.
Erasmo Battistella observou ainda que o HVO é um produto drop-in, isto é, pode substituir até 100% do diesel fóssil e dispensa qualquer tipo de adaptação ou troca da frota atual de ônibus e caminhões. Estudos da APROBIO apresentados durante a manhã pelo diretor superintendente Julio Minelli mostraram ainda que, para substituir a energia consumida pelo setor de transportes no Brasil de combustível líquido para eletricidade e reduzir de fato as emissões de poluentes, seria preciso dobrar a capacidade das usinas hidrelétricas do país ou multiplicar por 8 a produção de energia eólica.
O presidente da APROBIO destacou o maior custo inicial de investimentos para construção de uma indústria de biocombustíveis avançados, em comparação a uma usina de biodiesel, mas observou que se trata de uma medida importante para tornar o Brasil uma referência mundial ainda mais relevante em energia limpa. “Defendemos uma nova indústria de biocombustíveis avançados, que vai gerar economia e renda para o país e nos colocar na vanguarda da economia de baixo carbono”, afirmou Erasmo Battistella.
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