Em dois dias de painéis e palestras, a Conferência BiodieselBR promoveu um amplo debate sobre o futuro do biodiesel e dos biocombustíveis avançados no Brasil, assim como a implementação prática da Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio). O evento foi realizado em São Paulo na segunda e terça-feira (11 e 12), com a parceria especial da APROBIO.
O presidente do Conselho de Administração da APROBIO, Erasmo Carlos Battistella, representou a associação no debate de abertura do evento, no qual foi discutida a importância da indústria de biodiesel para o Brasil. Ao lado de autoridades como os deputados federais Jerônimo Goergen (PP-RS) e Enrico Misasi (PV-SP), respectivamente presidente e vice-presidente da Frente Parlamentar Mista do Biodiesel (FPBio), e o diretor da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Aurélio Amaral, o presidente da APROBIO destacou a força do setor produtivo e sua capacidade de agregar valor a diversas cadeias, como as da soja e de proteína animal.
“O programa de biodiesel é um patrimônio do Brasil. Nós avançamos de 2% de biodiesel adicionado para 11% em dez anos. Quantos países fizeram isso?”, afirmou Erasmo Battistella. Ele lembrou a confirmação do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, de que o cronograma de aumento da adição de biodiesel para o B15 será cumprido até 2023 e defendeu o novo incremento da mistura em março próximo, época mais favorável para o planejamento dos produtores.
Para o presidente da FPBio, o Brasil tem uma política energética consolidada com o biodiesel e já é possível discutir os próximos passos rumo ao B20. “Vamos olhar para o pós-B15 em 2023”, disse Jerônimo Goergen. Enrico Misasi também defendeu a construção de um cronograma “factível e seguro” do B16, em 2024, até o B20, em 2028.
Representante da Associação dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Henry Joseph Jr. disse que a indústria automotiva vê os biocombustíveis em geral com otimismo e relembrou o trabalho feito em parceria entre as entidades durante os testes que validaram a mistura B15. “Alguns fabricantes já fizeram testes também com o B20”, observou.
Biodiesel e os combustíveis avançados
Erasmo Battistella conduziu ainda, no primeiro dia do evento, um painel sobre o futuro do HVO (Hydrotreated Vegetable Oil) no Brasil e na América do Sul, no qual defendeu o protagonismo do país em um bloco de atuação internacional, a Organização dos Países Produtores e Exportadores de Biocombustíveis (OPEB). Entre os potenciais integrantes da iniciativa estão os vizinhos Argentina, Colômbia e Paraguai, todos com expertise na produção de biodiesel a partir da soja ou do óleo de palma, entre outras matérias-primas.
O empresário também está à frente do ECB Group, mais nova associada APROBIO, e apresentou as potencialidades do diesel verde e do querosene de aviação alternativo para o mercado brasileiro. No caso do primeiro biocombustível, Erasmo Battistella explicou que é necessária a aprovação de um marco regulatório, de modo a prever seu uso conjuntamente ao biodiesel. “Em grandes cidades, é possível adotar uma mistura B20H80 no sistema de transporte público. São Paulo é uma cidade que pode ser pioneira nessa medida, visto que já há legislação determinando a redução das emissões dos ônibus municipais “, afirmou o presidente da APROBIO.
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