Proposta submetida pelo governo para a conferência do clima de Marrakesh busca levar créditos
de Kyoto para dentro do novo regime e irrita ambientalistas ao excluir florestas mais uma vez
Alguém aí se lembra do mercado de carbono? Após passar por maus bocados na última década, quando ganhou o apelido de '
pior commodity do mundo', o CO
2 deve ressuscitar para o sistema financeiro global nos próximos meses, com a entrada em vigor do Acordo de Paris.
E o Brasil quer ditar regras para sua comercialização: no começo do mês, o governo brasileiro submeteu à Convenção do Clima das Nações Unidas duas propostas de regulamentação do artigo do Acordo de Paris que trata dos mecanismos de comércio de emissões. O país quer discutir as propostas durante a COP22, a conferência do clima de Marrakesh, que começa em exatas duas semanas, no próximo dia 7.
Grosso modo, o que o Brasil quer é evitar que créditos de carbono 'podres' ponham todo o sistema abaixo e impeçam o mundo de atingir as metas do acordo do clima.
O temor é justificado por dois fatores: primeiro, de agora em diante, todos os 195 países-membros da ONU mais a União Europeia poderão comprar e vender créditos de carbono. Depois, como as metas de redução de emissões são todas estabelecidas domesticamente - ou seja, cada país corta carbono e mensura esses cortes como bem entende - há um risco real de que alguns lancem no mercado créditos por emissões que não estão reduzindo de verdade. Isso seria um desastre para o próprio mecanismo, mas, sobretudo, para a atmosfera.
Como em tudo que diz respeito a negociações de clima, porém, o diabo mora nos detalhes. Se por um lado a necessidade de botar ordem no galinheiro dos créditos de carbono dificilmente será contestada, por outro há diversas maneiras possíveis de fazer isso. E a interpretação do Brasil sobre o que deve ser permitido ou não nesse mercado provavelmente encontrará resistências.
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Fonte: Observatório do Clima