O Brasil utiliza hoje cerca de 30 milhões de litros de óleo de fritura para processar
biodiesel, biocombustível feito à base de óleos vegetais. Cada litro óleo de cozinha reutilizado gera 980 mililitros (ml) do biocombustível. É pouco para o total produzido no ano passado, algo em torno de 3,9 bilhões de litros.
Mas o benefício maior é para o meio ambiente. Segundo a Sabesp, empresa de saneamento de São Paulo, um litro de óleo descartado polui o equivalente a 20 mil litros em cursos dágua. E de acordo com a Associação Brasileira para Sensibilização, Coleta e Reciclagem de Resíduos de Óleo Comestível (Ecóleo), o país descarta 200 milhões de litros de óleo de cozinha na natureza.
Não há estatísticas precisas sobre o número de projetos dedicados a recolher
óleos e gorduras residuais (OGR) no país, mas muitos deles acumulam resultados. Na última sexta-feira (15), o Ministério do Meio Ambiente, em parceria com a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb), começou a coleta de óleo de fritura pelos funcionários de suas casas e produzido no próprio órgão, também para fabricar biodiesel.
A finalidade é reduzir o
impacto ambiental da queima de combustíveis - o biocombustível servirá para alimentar a frota da Caesb - e reduzir os custos do tratamento de esgoto do DF. Segundo Oilton Paiva, encarregado da Gerência de Gestão Ambiental Corporativa da empresa, para cada litro de óleo de cozinha que chega à rede de esgoto da capital federal são gastos 25 centavos para seu tratamento.
Em 2014 a parceria da Petrobras Biocombustível com 28 cooperativas e associações de catadores no Ceará (Quixadá e Fortaleza) e na Bahia (região metropolitana de Salvador), contribuiu para duas usinas da companhia, em Candeias (BA) e Quixadá (CE), processarem 232 mil litros de OGR para produzir biodiesel.
No ano passado a cidade de Indaiatuba, em São Paulo, produziu 14,6 mil litros de biodiesel a partir de óleo de gorduras recicladas. A iniciativa proporcionou uma economia em combustível de R$ 36 mil aos cofres públicos e ainda abasteceu a frota de caminhões e máquinas da Prefeitura e do Saae (Serviço Autônomo de Água e Esgoto).
Em Sete Lagoas, Minas Gerais, o projeto 'Papa Óleo', promovido pela União Social Ecológica (USE)
, conseguiu preservar 50 bilhões de litros de água coletando 50 mil litros de óleo usado desde sua implantação em outubro de 2014.
A Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Osasco implantou em 2008 o
Projeto Biodiesel, que já soma mais de 250 mil litros recolhidos em 900 pontos de coleta. O programa promove, ainda, ações para conscientizar a população da importância do descarte ecológico dos OGR.
Dados da Secretaria da cidade na região metropolitana de São Paulo mostram que descartar óleos e gorduras residuais na rede de esgoto encarece seu tratamento em até 45%. Além da produção de biodiesel, a reciclagem do óleo de cozinha usado pode fabricar massa de vidraceiro, ração animal, resinas para tintas, adesivos e outros produtos.
O
biodiesel no Brasil é processado pelo método de transesterificação, reação química entre óleos vegetais (novos ou usados) e álcool de cana de açúcar ou metanol (álcool derivado de gás natural ou petróleo).
Fontes: Ecóleo, MMA, SABESP