Mesmo se em todo mundo as emissões de gases de efeito estufa forem cortadas de forma a cumprir o Acordo de Paris, a temperatura média no inverno Ártico vai, irremediavelmente, subir de 3 a 5°C até 2050, e de 5 a 9°C até 2080, alerta estudo divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU) na última quarta-feira (13), durante a 4ª Assembleia Geral do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), que acontece em Nairóbi, no Quênia.
A pesquisa, intitulada 'Global Linkages - A graphic look at the changing Artic' (Global Linkages - um olhar gráfico sobre a mudança no Ártico), afirma que tal aumento na temperatura tem o potencial de devastar a região e provocar a elevação no nível do mar em escala global.
Além disso, o rápido derretimento do permafrost - solo encontrado na região do Ártico constituído por terra, gelo e rochas permanentemente congelados - poderá acelerar ainda mais as mudanças no clima, inviabilizando os esforços para cumprir o objetivo de longo prazo do Acordo de Paris de limitar o aumento da temperatura a 2°C.
'A urgência em se alcançar as metas do Acordo de Paris é claramente manifestada no Ártico, por ser uma das regiões mais vulneráveis e que estão mudando rapidamente no mundo', disse o Ministro do Meio Ambiente, Energia e Habitação finlandês, Kimmo Tiilikainen, à ONU. 'Nós precisamos fazer cortes substanciais a curto prazo nos gases de efeito estufa, uso de carvão e outros poluentes climáticos de vida curta em todo mundo', acrescenta.
Mesmo se as emissões globais fossem interrompidas totalmente do dia para a noite, os invernos árticos ainda assim seriam de 4 a 5° mais quentes até 2100, comparado com o final do século 20, diz o estudo. Tal elevação está 'fechada' no sistema de gases de efeito estufa já emitidos e no aquecimento dos oceanos.
Segundo relatório da ONU, os impactos globais desse aumento seriam enormes. De 1979 até agora, estima-se que o gelo Ártico declinou em 40%. Modelos climáticos preveem que, se as emissões de CO2 continuarem na taxa atual, o Ártico terá verões totalmente sem gelo até 2030. O derretimento da calota de gelo da Groenlândia e dos glaciares árticos contribuem para um terço do aumento do nível do mar globalmente.
Ainda de acordo com a pesquisa, mesmo se as metas do Acordo de Paris forem alcançadas, espera-se que o permafrost ártico irremediavelmente encolha em 45%, comparado com o que hoje existe. Globalmente, estes solos congelados guardam uma estimativa de 1,672 bilhões de toneladas de carbono.
Espera-se, portanto, que o aumento no derretimento do permafrost contribua significantemente para as emissões de CO2 e metano, aumentando as temperaturas globais, que contribuiriam, por sua vez, para mais derretimento, em um efeito cascata conhecido como 'Feedback positivo'. 'Esta mudança acelerada no clima poderia até mesmo inviabilizar os 2°C preconizados no Acordo de Paris', sublinha o documento.
Fonte:
O Eco