O cronograma de ampliação gradual da adição do biocombustível ao diesel deve trazer R$ 6 bilhões em aportes até 2023
A partir de 1º de setembro, aumenta de 10% para
11% o percentual obrigatório de biodiesel misturado ao diesel comum. Segundo a Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (APROBIO), o volume adicional demandará cerca de 600 milhões de litros do biocombustível no período de um ano, ou seja, 3 milhões de toneladas de soja a mais para esta finalidade.
Além disso, segundo cálculos do Ministério de Minas e Energia, a mudança trará uma economia estimada de US$ 1,3 bilhão ao ano, considerando o menor volume de importação de combustível de petróleo. Em outubro do ano passado, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) aprovou o cronograma de aumento gradual de adição do biodiesel ao diesel para os próximos cinco anos. O calendário prevê o incremento (em volume) de 1% de biodiesel ano a ano até chegar ao percentual de 15% em 2023.
'A partir do próximo mês, a adição será de 11%, mas a lei deixa flexível, e a mistura pode chegar até 15%', afirma Erasmo Carlos Battistella, presidente da APROBIO. 'Dependendo da região, o biodiesel pode ser mais competitivo, e a distribuidora pode optar por colocar um pouco mais para ter uma melhor margem de preço', complementa o executivo.
O fato é que o cronograma de adição, somado à segurança da nova Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio) e às metas assumidas pelo Brasil na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2015 (COP-21) - que incluem aumento de biocombustíveis na matriz energética nacional -, trouxe previsibilidade ao setor e estimulou investimentos.
Cálculos do Ministério de Minas e Energia apontam uma economia estimada de US$ 1,3 bilhão ao ano com o aumento para 11% da mistura de biodiesel ao diesel comum
'Nossa expectativa é que o setor vá receber em torno de R$ 6 bilhões de investimentos em toda a cadeia até 2023', diz o presidente da Associação. Diante das perspectivas, a BSBIOS, empresa presidida por Battistella, já investiu mais de R$ 70 milhões na ampliação das usinas de biodiesel em Marialva (PR) e Passo Fundo (RS).
E recentemente, a JBS anunciou um investimento de R$ 180 milhões para a construção de uma nova fábrica em Santa Catarina. O empreendimento será na cidade de Mafra e produzirá o biocombustível com descarte de gordura animal da Seara, braço do grupo voltado à produção de aves e suínos.
A JBS possui duas unidades de produção de biodiesel a partir de sebo bovino. Em 2018, a empresa comercializou 260 milhões de litros do biocombustível. A expectativa é que a produção ultrapasse 600 milhões de litros com a nova fábrica, que deve entrar em operação em 2021 e gerar 100 empregos diretos.
Pilares do biodiesel
As contribuições do biodiesel para a sociedade brasileira estão alicerçadas em três pilares, segundo o presidente da APROBIO:
Econômico - o Brasil vai importar menos diesel e gerar mais empregos com a produção de biocombustível.
Social - o Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel determina que aproximadamente 30% da matéria-prima da produção venha da agricultura familiar.
Ambiental - as emissões de gases de efeito estufa (GEE) no ciclo de produção e consumo de biodiesel são cerca 69% inferiores e vão ajudar o Brasil a atingir as metas redução de GEE assumidas na COP-21.
Fonte:
Estadão - Canal Agro